24/04/2013 - 13:14
Se o agronegócio tem um pai, seu nome é Norman Borlaug, um americano nascido na pequena cidade de Cresco, estado de Dallas, em 1914. Esse senhor, falecido em 2009, literalmente revolucionou a forma de se produzir comida no mundo. Formado em agronomia pela Universidade de Minnesota em 1942, recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1970. Motivo: pelas mãos de Borlaug começaram os primeiros cruzamentos de sementes híbridas resistentes a doenças fúngicas, o que fez países como México, Índia e Paquistão tirarem mais de 600 milhões de pessoas da fome. Borlaug ficou conhecido como “o homem que mais salvou vidas na história da humanidade”. Ao longo da carreira, recebeu todo tipo de honraria que um ser humano pode almejar e deixou para o nosso País um importante legado. “O Brasil terá um papel fundamental no combate da fome”, disse. Ele defendeu o uso de uma série de tecnologias que combinadas foram capazes de aumentar em muitas vezes a produtividade das lavouras. Entre elas estão a adoção de defensivos químicos, a fertilização da terra e, mais recentemente, a biotecnologia. A essa combinação, que fez explodir as produtividades mundo afora, deu-se o nome de Revolução Verde. Assim, Norman Borlaug, pai da Revolução Verde, inventou o agronegócio. Já o agronegócio, por sua vez, reinventou o Brasil, que agora prepara uma nova revolução verde. E é nesse ponto que essas histórias, a do nosso País e a da Agrishow, se encontram.
Nos últimos 20 anos, a Agrishow tem sido testemunha de um enredo que começou há quatro décadas com a fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, em 26 de abril de 1973. Durante mais de três décadas, pesquisadores brasileiros desenvolveram tecnologias capazes não só de domar terras até então inférteis, como o Cerrado, mas de criar novas formas de cultivar a terra, como o plantio direto. Nos últimos dez anos, essa forma brasileira de fazer agricultura proporcionou saltos de produtividade incríveis, como pode ser observado na reportagem de capa desta edição. Primeiro presidente da Embrapa e “pai” da revolução verde brasileira, o ex-ministro da Agricultura Alisson Paolinelli conta a sua versão da história. “A Embrapa mudou muito, conseguiu fazer evoluções, sim. Mas o produtor esteve ao lado dela, teve um papel importantíssimo na genética. Os dois se somaram na pastagem, na recuperação de áreas, no manejo, tudo isso foi feito numa integração: A Embrapa, as estaduais, as universidades e o produtor”.
Agora, em 2013, produtores que visitarem os 440 mil metros quadrados da Agrishow poderão traçar suas estratégias de investimentos para fazer frente ao chamado desafio 2050, quando o mundo chegará a 9 bilhões de pessoas. Se cada ser humano se alimentar três vezes por dia, conforme recomenda a Organização das Nações Unidas, serão necessárias 27 refeições diárias. Considerando que cada pessoa coma, em média, 1,5 quilo por dia, serão nada menos do que 40,5 bilhões de quilos servidos todos os dias ou 14,8 trilhões de quilos por ano. Para atender a toda essa fome, a produção mundial terá de crescer 20%. E de todo esse incremento, 40% virão do Brasil.
Para isso, a tecnologia terá de dar mais um salto e alguns objetivos já são muito claros, conforme explica o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Fernando Sampaio. “O desenvolvimento da agricultura sobre a área de pastagem já é uma realidade e essa tendência deve acomodar parte do crescimento”, pondera. Segundo ele, nos últimos 15 anos, o Brasil aumentou em 732% as suas exportações e a área de pastagens diminuiu 2%. “Com o tempo, falaremos em quilos de carne por hectare e não mais em cabeças por hectare”, diz.
Máquinas e equipamentos mais modernos, conforme os expostos na feira, também são parte da história, conforme explica o empresário Walter Horita, produtor de algodão e soja no extremo oeste da Bahia. “Diminuir as perdas e aumentar a velocidade de plantio e colheita são pontos importantes num sistema de produção”, diz. De acordo com ele, quanto mais tecnologia se coloca numa lavoura, menores são os riscos climáticos e de perdas. “Nunca, em hipótese nenhuma, o produtor pode abrir mão da produtividade”, finaliza.