15/12/2020 - 13:00
Candidato do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), à sua sucessão, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) emplacou um aliado na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Sem histórico de atuação na área, o ex-deputado estadual Arnaldo Silva Júnior (DEM-MG), que trabalha no gabinete de Pacheco, foi indicado na sexta-feira passada pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar uma vaga de diretor na autarquia.
Pacheco, que é líder do DEM na Casa, tem sido apresentado pelo padrinho político como nome “independente” na disputa, numa tentativa de atrair o apoio tanto de governistas quanto da oposição. A indicação, no entanto, demonstra um alinhamento do senador com o Palácio do Planalto. As escolhas para este tipo de caso são uma prerrogativa do presidente, mas os nomes precisam ser aprovados pelo Senado.
Na ANTT, os diretores são responsáveis por analisar desde as taxas de pedágio em rodovias e regras para transportes de passageiros ao tabelamento do frete no País, motivo de paralisações de caminhoneiros.
Alcolumbre lançou o nome de Pacheco após ser impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de tentar a reeleição. Sua intenção é barrar o retorno do MDB ao comando do Senado – a sigla presidiu a Casa de maneira ininterrupta de 2001 até o ano passado. O Planalto já deu sinais de que poderia apoiar um nome do partido, que tem a maior bancada, com 13 senadores, mas a preferência é por encampar o candidato escolhido pelo presidente do Senado. Entre os favoritos de Bolsonaro no MDB estão Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE), líderes do governo no Congresso e no Senado, respectivamente.
A indicação de Silva Júnior para a ANTT ocorre após uma queda de braço entre o Senado e o Ministério da Infraestrutura na discussão sobre novas regras de transporte rodoviário interestadual. Pacheco é um dos parlamentares que atuam para barrar normas que preveem o aumento da concorrência na área. O pai do senador é sócio de empresas do setor.
O fato de Silva Júnior ser uma indicação política é minimizado por integrantes do governo. O argumento é de que o ex-deputado estadual, que já atuou como advogado, tem perfil técnico, não destoando dos outros integrantes da agência. “É natural no presidencialismo de coalizão que cheguem, de repente, algumas indicações que passam por um crivo, por uma análise de currículo”, afirmou ontem o ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas.
Procurado, Pacheco afirmou por meio de assessoria que cabe ao governo “identificar os nomes aptos à função”, e negou que haja acordo envolvendo cargos na ANTT. “A indicação de Arnaldo Silva Júnior é uma recomendação do Ministério da Infraestrutura e decorre do seu currículo e da sua qualificação, inclusive no âmbito do direito administrativo”, disse, em nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.