São Paulo, 23/12/2020 – Os preços dos cortes de carne bovina no mercado atacadista têm registrado um movimento baixista, acompanhando a queda nas cotações da arroba do boi gordo neste mês de dezembro, avaliou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), em relatório. Pesquisadores destacam que mesmo em período de festas de fim de ano, a demanda por proteína bovina continua aquém do esperado pelo mercado, “o que pode estar atrelado ao menor poder de compra da população, diante deste ano atípico e cheio de incertezas”.

Em relação à demanda externa, o Cepea também cita a diminuição no ritmo dos embarques neste mês, o que pode levar a um aumento na disponibilidade de carne para o mercado doméstico. A retração em relação aos meses anteriores reflete a sazonalidade do mês, quando a China, principal importador de carne do Brasil, começa a se ausentar do mercado, já abastecida para o feriado do ano-novo chinês.

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Quanto à matéria-prima, o relatório menciona um leve aumento na oferta de gado terminado no campo, mas a demanda dos frigoríficos por novos lotes de animais se arrefeceu, dado o escoamento lento da carne nos mercados interno e externo. Dessa forma, entre os dias 1º e 21 de dezembro, o boi gordo, representado pelo Indicador Cepea/B3, teve média de R$ 265,56, queda de 6,92% frente à de novembro, mas 2,7% acima de dezembro do ano passado, em termos reais. Já a carcaça casada do boi registrou “média de R$ 17,62/kg, à vista, neste mês, baixa de 6,9% em relação à de novembro/20 e 2,5% abaixo da de dezembro do ano passado, também em termos reais”, afirma o Cepea.

Nesse sentido, os pesquisadores afirmam que o movimento de queda igual para a arroba e a carne fez a diferença entre os preços da arroba e da carcaça do animal diminuir, embora a arroba continue com vantagem, “cenário que, vale lembrar, aperta as margens de frigoríficos que trabalham apenas com o mercado doméstico”.

Suínos

O preço médio do suíno em dezembro, no valor pago ao produtor, apresentou forte queda em dezembro em relação a novembro, informou o Cepea/Esalq-USP, em relatório. De novembro a dezembro, a maior desvalorização, acima de 20%, ocorreu no Sudeste.

Segundo o Cepea, a pressão sobre os preços – que contraria a expectativa dos agentes do setor – veio da redução nas vendas internas, principalmente na primeira quinzena do mês, movimento atípico para este período do ano.

Na parcial de dezembro (até o dia 21), o animal vivo se desvalorizou 22% na região SP-5 (São Paulo, Campinas, Sorocaba, Bragança Paulista e Piracicaba), com a média passando de R$ 9,50/kg em novembro para R$ 7,41/kg neste mês.

Em Avaré/Fartura (SP) e São José do Rio Preto (SP), as quedas foram ainda maiores, de 22,9% e de 24,4%, respectivamente, com o animal cotado a R$ 7,38/kg e a R$ 7,21/kg na mesma ordem. Em Ponte Nova (MG) e Belo Horizonte (MG), as médias estão em respectivos R$ 7,21/kg e R$ 7,22/kg em dezembro, recuos de 21,5% e 21,4% sobre as observadas em novembro.

No Sul do País, os preços também caíram, embora em menor ritmo, “mas, ainda assim, intensas e atípicas para esta época do ano”, assinala o Cepea. Em Erechim (RS), o quilo do animal é cotado a R$ 7,66 neste mês, queda de 14,2% em relação ao de novembro. Na Serra Gaúcha), a baixa foi de 11,4% no período, com o animal cotado, em média, a R$ 7,76/kg em dezembro, e no Oeste Catarinense, de 17,6%, com o suíno vivo passando para R$ 8,00/kg neste mês.

No mercado atacadista da Grande São Paulo, a carcaça comum saiu de R$ 12,98/kg em novembro para R$ 10,53/kg nesta parcial de dezembro, e a carcaça especial passou de R$ 13,71/kg para R$ 11,12/kg, recuo de 18,9% para ambas proteínas.