No dia seis de julho, o advogado João Rebequi fez questão de deixar seu escritório no perímetro industrial de Uberaba, município do Triângulo Mineiro, para passar um tempo com alunos de um curso técnico gratuito de administração, numa escola particular na região central da cidade. “Gosto de interagir com esses jovens”, diz Rebequi. “Gosto de falar de minha história. De como um estudante, assim como eles, se tornou o presidente de uma das grandes empresas de irrigação no País.” A rotina de palestras é algo frequente para Rebequi, que aos 32 anos, assumiu o comando da subsidiária da americana Valmont Industries no Brasil, empresa com sede em Omaha, no Estado do Nebraska, presente em 23 países e dona de um faturamento global de US$ 3,1 bilhões, no ano passado. “Quero mostrar que foi a partir de um curso técnico, como o deles, que se abriram as oportunidades em minha carreira.”

O curso técnico, a que Rebequi se refere, era de contabilidade, iniciado em 1995, aos 15 anos, quando morava na periferia de Porto Alegre. Na época, ele teve a oportunidade de trabalhar em uma das maiores empresas do agronegócio, a fabricante de tratores e colhedeiras John Deere. “Foi na John Deere, em 1999, que eu consegui uma bolsa de estudos para cursar direito”, afirma. Mas, depois de formado e de ter passado na prova da OAB,  Rebequi não seguiu a carreira de advogado. Ele optou pelo agronegócio ao ser designado para ser o coordenador de vendas da John Deere, em Mato Grosso. “Isso foi uma daquelas coisas que acontece na vida da gente e que não tem muita lógica, mas, não deu outra, eu aceitei.” Rebequi deixou para trás a capital gaúcha para morar em Tangará da Serra (MT), no final de 2004, num momento em que o agronegócio enfrentava uma de suas piores crises, com juros altos e câmbio baixo, com o dólar saindo de R$ 2,91, em setembro daquele ano, para R$ 2,33, em meados de julho de 2005, o que representou uma desvalorização de 25% da moeda americana perante o real. “Foi realmente um período muito turbulento, havia até um sentimento de fim dos tempos para o agronegócio”, diz.

De acordo com Rebequi, o complicado cenário foi uma espécie de batismo de fogo para sua carreira, pois ele conseguiu resultados como a expansão da rede de revenda da empresa na região Norte, nos Estados de Rondônia, Acre e Roraima. Em 2008, já na New Holland, do grupo Fiat, e morando em Curitiba, Rebequi partiu para outro desafio, ao assumir o marketing da área de colhedeiras. “Ao lado da experiência de ter passado pelo setor de vendas, num momento de crise, ir para a área de marketing foi o segundo degrau que, de fato, me preparou para a presidência da Valmont”, afirma. Para Adriana Cambiaghi, diretora da subsidiária de recrutamento de executivos da americana Robert Half no Brasil, casos como o de Rebequi, que chegam cedo ao topo da carreira, na faixa etária dos 30 anos, tem sido uma tendência recente no mercado brasileiro. “É normal vermos pessoas jovens chegando a cargos de presidência mais cedo, porque, cada vez mais, tem se intensificado no País um movimento de empreendedorismo entre os profissionais”, diz Adriana.

Segundo a consultora, o próximo passo de um líder como Rebequi é avaliar com cuidado quais são suas perspectivas para o futuro profissional. “Ao planejar o que pretende, ele consegue ir atrás do que precisa para atingir seus objetivos”, diz.  Na verdade, Rebequi não parou de investir em sua carreira. Logo que entrou na Valmont, ele fez questão de se aprimorar internacionalmente, participando de um programa executivo na London Business School, no ano passado. “Eu diria que acabei fechando o ciclo, com isso”, diz Rebequi. Seu próximo propósito já está bem delineado: aumentar a participação da irrigação por pivôs centrais no País, que hoje conta com 17,9 mil equipamentos, ocupando uma área de 1,18 milhão de hectares, segundo a Agência Nacional de Águas e a Embrapa. “Isso é pouco para o potencial da irrigação no Brasil, que está em sétimo lugar no mundo.”

Mesmo com dois anos e meio de atuação, num setor novo, Rebequi já tem a fórmula da liderança para poder alcançar esses resultados: incentivar ainda mais, na organização, a visão de potencialidade da irrigação no mercado brasileiro, optando por novos caminhos. “Essa é justamente minha responsabilidade como líder, e já deu resultados.” Segundo ele, a companhia saltou de 30 pontos de venda no País para 46, durante sua gestão, e conta com 260 funcionários. Autossuficiente, Rebequi diz não se atemorizar com a responsabilidade de fazer crescer os negócios da Valmont, no Brasil. “Sou, antes de mais nada, um tomador de decisões razoáveis e regidas pelo bom senso”, diz. “Isso faz com que minha gestão seja vista de forma positiva pelos demais funcionários.”

Bayer
Novo chefão de sementes na América Latina

O administrador de empresas Alex Merege é o novo diretor de Sementes da Bayer CropsScience para a América Latina. O executivo que ocupava a posição de liderança da área na região da Ásia Pacífico, em Cingapura, voltou ao Brasil com a missão de dar prosseguimento à estratégia de expansão da empresa na região.

ADM
No caminho certo

A Archer Daniels Midland (ADM) contratou o executivo Eduardo Rodrigues como diretor de logística da companhia para o Brasil. Formado em direito, ele será o responsável pelas estratégias de ação para os modais rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo, bem como todas as instalações e operações portuárias e transbordos. Rodrigues já passou pelas empresas Multigrain, do grupo Mitsui, ED&F Man e América Latina Logística (ALL).

JBS
Inovação corporativa

A JBS contratou o consultor jurídico e professor de legislação tributária, Marcel Fonseca, para comandar sua nova diretoria de compliance. O setor foi criado para que os seus vários departamentos tenham uma melhor previsibilidade e segurança nos processos.“Queremos governança, sem perder a agilidade e a nossa essência fundamental, que é a simplicidade”, diz Fonseca.

“Quando o líder é inspirador, ele visa a segurança no ambiente de trabalho” André Miotto, Diretor da AMX Soluções em Gestão Integrada

Cargill
Dose dupla

O médico veterinário Eduardo Valias Vargas é o novo diretor comercial de ruminantes da Cargill Nutrição Animal. “Chegamos diariamente à mesa de 20 milhões de brasileiros, em forma de carne, leite e derivados. Mas queremos fazer ainda mais”, diz Vargas. Além dele, outra mudança foi a indicação do veterinário João Marcel Fausto para a gerência nacional de negócios de suínos.

Confesso que vivi
Por Arnaldo Eijsink,Diretor do Grupo JD

Nas décadas de 1970 e 1980, o fundador do grupo francês Carrefour, Jacques Defforey, comprou em nome da empresa fazendas em Mato Grosso, para criar gado, e na região do Vale do Rio São Francisco, no Nordeste, para cultivar uva. Atualmente, os Defforey não detêm mais o controle do grupo, mas as fazendas foram mantidas. O engenheiro agrônomo Arnaldo Eijsink, há 30 anos com os Defforey, acompanhou toda a história da família  no agronegócio.

Qual foi o grande acontecimento de sua carreira?
Foi o lançamento do Selo Garantia de Origem, na década de 1990. Era uma novidade na rede mundial do Carrefour, era revolucionário, e o Brasil foi o primeiro País a aderir. Foi um imenso desafio. 

Por quê?
Porque começamos a falar em produto saudável, aspecto visual atraente, sabor autêntico de produtos, e ser ecológica e socialmente corretos. Foi um passo muito importante para a aproximação com os consumidores.

Qual a repercussão disso?
Eu conheci o Brasil inteiro. Aprendi muito, visitei uma enorme quantidade de grandes e excelentes produtores de peixes, carnes, frutas e verduras. Passei a ter um entendimento mais maduro do País.