Dinheiro Rural apresenta, nesta edição de aniversário, a VOZ DO CAMPO, uma lista das personalidades que são lembradas e reconhecidas como líderes de um setor que é a grande  âncora da economia brasileira. Saiba quem são e o que eles pensam sobre os atuais desafios do agronegócio

O comemorar os 11 anos da DINHEIRO RURAL,  a Editora Três publica, mais uma vez, nesta edição, os 100 Nomes mais Influentes do Agronegócio. Através deles, a revista faz uma homenagem que se estende aos demais produtores rurais e a todos os profissionais que atuam na cadeia do agronegócio, da pesquisa genética ao prato do consumidor final de alimentos. Essas personalidades, que são a voz do campo, representam um setor que deve movimentar, neste ano, R$ 473,2 bilhões em Valor Bruto da Produção (VBP), um crescimento de 1% ante os R$ 468,6 bilhões de 2014. O setor vai crescer, mesmo com a economia andando na marcha à ré, com uma previsão de queda do Produto Interno Bruto de cerca de 2%.

As personalidades homenageadas nas próximas 19 páginas estão divididas em 12 categorias: agricultura, proteína animal, bioenergia, cooperativa, universidade e pesquisa, iniciativa sustentável, insumos, finanças, entidades do agronegócio, governo, comunicação e marketing, e consultoria. Essas personalidades, com suas atitudes públicas e privadas despertam admiração, geram notícia, recebem críticas e aplausos por suas posições, jamais por sua indiferença frente aos desafios no campo.  São homens e mulheres que interferem nos rumos do agronegócio em várias dimensões, começando em sua região de atuação, ao se tornarem modelos de produção e de inserção política, social e científica. Entre eles também há os que se tornaram referência do agronegócio, não apenas no País, como  e também no mundo.

(colaboraram Bruno Santos e Fábio Moitinho)

Nelson Vígolo

O produtor mato-grossense Nelson Vígolo, 51 anos, presidente do grupo Bom Jesus, com sede em Rondonópolis, administra 230 mil hectares de terras, nas quais cultiva soja, milho e algodão, além de criar de gado.  Neste ano, Vígolo entrou para o grupo das grandes empresas familiares do agronegócio, que fizeram a transição para o modelo de gestão de governança corporativa, transformando-se em paradigma da profissionalização da atividade. Consolidado em sete empresas, o grupo JB teve uma receita líquida de     R$ 6 bilhões, em 2014.

Walter Horita

O grupo Horita, que cultiva 98 mil hectares de soja, milho e algodão em quatro fazendas na região de Barreiras (BA), tem no cultivo da fibra seu carro chefe. Administrado por Walter Horita, o grupo baiano está entre os maiores produtores de algodão do País, ao lado de gigantes como a SLC Agrícola, por exemplo. A qualidade de suas lavouras costuma atrair as atenções das missões internacionais que vêm ao País e não dispensam uma visita as suas fazendas. A mais recente delas, em agosto, era composta por empresários das indústrias têxteis da China, Tailândia e Coréia do Sul, interessados no algodão brasileiro.


Raul Padilla,presidente e CEO da Bunge Brasil

“Nos últimos anos, o campo tornou-se o carro-chefe da economia, estimulando o desenvolvimento de outras atividades e contribuindo para o aumento do emprego e da renda. A competitividade brasileira no agronegócio é um dos indicadores que demonstra que estamos no caminho certo. O Brasil tem vocação para obter elevada produtividade no cultivo de grãos. O que o País produz de milho, hoje, era impensável há cinco anos.

Este ano tem sido desafiador para o País e de muito trabalho para o agronegócio. A Bunge tem quase 200 anos de história, sendo 110 deles no Brasil. Nosso espírito empreendedor sempre foi um diferencial para antecipar tendências, o que nos transformou em uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro e na maior exportadora do setor. Por isso, é preciso valorizar o investimento que o produtor brasileiro tem feito. Dessa forma, conseguimos reduzir custos de produção, dar maior competitividade agrícola ao País e assegurar que o agronegócio continue sendo um dos principais setores da economia.”

José Antonio Gorgen

Dono do grupo Risa, José Antonio Gorgen, com quatro fazendas nos Estados do Maranhão e Piauí, sempre foi exemplo de gestão do negócio em sua região. Em agosto, ele ser tornou o primeiro produtor desses Estados a exportar diretamente para a China foram ao todo 66 mil toneladas de soja, volume equivalente a 50% de sua atual produção. Mas, até a safra 2017/2018, o projeto é vender toda a produção por conta própria. Além da soja, o grupo que faturou R$ 525,9 milhões, no ano passado, cultiva milho e sorgo em 55 mil hectares.

Eduardo Logemann

À frente do conselho de administração do grupo gaúcho SLC Agrícola, que está completando 70 anos, em 2015,  o engenheiro mecânico Eduardo Logemann, vem promovendo mudanças na empresa da família, que estão se tornando referência no agronegócio. As certificações, além da ambiental e social, colocam a empresa na vanguarda em regiões onde atua. No Nordeste, por exemplo, uma de suas fazendas foi a primeira a receber as três principais certificações na área de segurança e saúde ocupacional. A SLC é um dos maiores grupos agrícolas do País, com 16 unidades de produção de algodão, soja e milho. Na safra 2014/2015 foram cultivados 370 mil hectares.

Eraí Maggi Scheffer

O produtor Eraí Maggi Scheffer, dono do grupo Bom Futuro, com sede em Cuiabá (MT), continua no posto de maior produtor individual de soja. Em suas fazendas, que somam cerca de 260 mil hectares, o cultivo tem rendido cerca de 15 milhões de sacas do grão, por safra, sem contar o milho e a criação de gado, outras duas atividades do empresário. Nos últimos anos, os esforços de Maggi têm  se concentrado no aumento da produtividade da lavoura. Atualmente, a produção média na Bom Futuro é de 58 sacas da oleaginosa por hectare.

Luiz Pretti

O executivo Luiz Pretti, presidente da americana Cargill, vem tendo um ano bastante corrido. Para fortalecer a posição da subsidiária brasileira, foram investidos R$ 640 milhões, em 2014, restando para este ano R$ 560 milhões do  R$ 1,2  bilhão previsto para os dois anos. Boa parte desses investimentos está indo para a melhoria da logística do grupo, principalmente nas rotas que levam aos mercados asiáticos. Presente em 70 países, a Cargill obteve uma receita líquida de R$ 26,2 bilhões, no Brasil, no ano passado.

Marcelo Castelli

Sob o comando do engenheiro mecânico Marcelo Castelli, a Fibria, uma das gigantes brasileiras na produção de papel e celulose, foi selecionada para compor a carteira de ações do índice Dow Jones de Sustentabilidade de Mercados Emergentes, da Bolsa de Valores de Nova York, no período 2015-2016. O evento é um precioso indicativo de sua saúde financeira. Com um faturamento de R$ 7,1 bilhões, a Fibria tem capacidade produtiva de 5,3 milhões de toneladas anuais de celulose, totalizando 968 mil hectares de florestas nos Estados do Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia.

Julio Césarde Toledo Piza Neto

A BrasilAgro, especializada na comercialização de terras e no cultivo de lavouras, gerida por fundos de investimentos, tem como diretor o engenheiro agrônomo Julio César de Toledo Piza Neto. Filho do pecuarista Júlio César de Toledo Piza, ex-presidente da BM&F, o executivo é tido como um dos mais talentosos de sua geração. Em junho, o valor de mercado do portfolio da BrasilAgro era de R$ 1,3 bilhão. Atualmente, a empresa possui 183 mil hectares de terras, dos quais 79 mil foram cultivados na safra passada, com destaque para soja, milho e cana-de-açúcar.

Augusto Lauro de Oliveira Junior

O executivo Augusto Lauro de Oliveira Junior é a face visível do grupo gaúcho Josapar, dono da marca de arroz Tio João, líder de mercado no País. Oliveira Junior é o vice-presidente do grupo, presidido pelo primo Luciano Adures de Oliveira, que raramente aparece em público. O faturamento anual da Josapar é de cerca de R$ 1,1 bilhão, obtido em parcerias com produtores do cereal no Rio Grande do Sul, fábrica de fertilizantes e operações portuárias. Nos últimos anos, os executivos do Josapar vêm estudando uma expansão além da fronteira do Estado e uma das possibilidades é o Nordeste.

Jairo Santos Quartiero


Em meio século, o ex-seminarista  gaúcho, Jairo Santos Quartiero, transformou os negócios do pai em um mega império de arroz e feijão, chamado Camil Alimentos, que faturou R$ 925 milhões, no ano passado. Com sede em Itaqui (RS), a Camil tem entre seus sócios principais o fundo Gávea Investimentos, gerido pelo economista Armínio Fraga. A empresa possui 23 fábricas, espalhadas pelo Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Argentina, nas quais processa dois milhões de toneladas de arroz, por ano.

Daniel Conde Filho


O grupo A/C Café, com fazendas na região do Cerrado Mineiro, cultiva o café desde 1960. O produtor Daniel Conde Filho, administrador dos negócios, é da terceira geração da família, realizando um trabalho que se tornou referência em produto de qualidade. O café arábica, em 8,3 mil hectares, tem como destino a exportação, principalmente visando os mercados premium. São cerca de dez variedades, com uma produção média de cerca de 100 mil sacas, por safra.


José Carlos Grubisich, presidente de Eldorado Brasil Celulose

“Há muitos anos, o Brasil apostou em tecnologia aplicada ao campo para alcançar resultados extraordinários de produtividade. Em culturas como a soja, a cana-de-açúcar e as florestas plantadas, o País bate recordes constantes e é vitrine para o agronegócio mundial. Há, entretanto, ainda muito a progredir e, para que isso aconteça, é fundamental apostarmos em pesquisa e inovação que levem ao aproveitamento de cada hectare plantado, com o menor impacto ambiental possível e respeito às comunidades locais.

Deveria ser compromisso do agronegócio investir, constantemente, no desenvolvimento de melhores práticas de manejo, aplicações e equipamentos que garantam a eficiência da produção. E, assim, ampliar nossa competividade no mercado externo e colaborar com a crescente demanda por alimentos e fibras, de uma população mundial que vai chegar a nove bilhões de habitantes em 2050. Além disso, o setor tem de investir fortemente na capacitação de sua mão de obra.”

José Luís Cutrale


O empresário brasileiro José Luís Cutrale, que construiu um império da laranja chamado Cutrale, com sede em Araraquara, no interior paulista, teve sua fortuna avaliada em US$ 2,6 bilhões, no início deste ano pelo Bloomberg Billionaires Index. Os negócios de Cutrele, que atua em todos os elos da cadeia, vão do cultivo de 160 mil hectares de pomares a frota de navios. Com foco no mercado externo, no ano passado a receita estimada com as exportações de suco foi de US$ 1,4 bilhão em 2014.