uase 26,5 mil fazendas da França se dedicam à agricultura orgânica. Elas respondem por 5,6% da produção agropecuária do país e por 7% dos empregos do setor agrícola. Animados com a demanda crescente do consumo, a participação dos produtores franceses nesse sistema cresce ano a ano. A atual área de culturas, como as de frutas, legumes, verduras, ovos e carnes, ocupa 1,1 milhão de hectares, de acordo com os dados de 2104, os mais recentes publicados pela Agence Bio, órgão oficial francês. “Entre 2010 e 2015 passamos de dez mil produtores para 30 mil”, diz Julien Adda, delegado geral da Fédération Nationale d’Agriculture Biologique (FNAB). “No período, a área de cultivo praticamente dobrou.  Já o número de fazendas orgânicas aumenta todo ano.”  De 2014 para 2015, o crescimento foi de 23%.

Nos países da União Europeia há 257,3 mil fazendas orgânicas, com cerca de 10,3 milhões de hectares em produção. A França tem se destacado entre os primeiros lugares, em todos os índices relacionados à produção. Em área, por exemplo, ocupa o terceiro lugar, atrás da Espanha, com 1,6 milhão de hectares, e da Itália, com 1,3 milhão. No processamento de alimentos, no entanto, ela é a número um: possui 9,3 mil processadores, seguida por Alemanha e Itália.

O avanço do mercado tem relação direta com a crescente demanda do consumidor por boas práticas de produção. Não por acaso, em 2014 esse mercado faturou E 25,3 bilhões na Europa. Na França, o valor chegou a 5 bilhões, com um crescimento anual de até 15% nas últimas safras. “Com a crise econômica e a queda de preços no setor agropecuário convencional, agregar valor com os orgânicos é um passo interessante para equilibrar as finanças da fazenda”, diz Adda. Em geral, um produto orgânico é vendido por preços 30% superiores.


“Os orgânicos são importantes não apenas para os produtores, mas também para a população urbana” Julien Adda, delegado geral
da FNAB

Além disso, do total de E 10 bilhões em subsídios para os agricultores franceses, E 160 milhões têm ido para a agricultura orgânica. “Não há distinção em relação aos recursos para os dois sistemas de produção, mas há incentivos específicos para o processo de conversão”, diz Adda. No caso das lavouras de cereais, por exemplo, essa verba anual é de E 300 por hectare, por produtor.  Terminada a colheita, a maior parte dos alimentos é vendida em redes de supermercado, em lojas especializadas e diretamente pelo produtor.  Há feiras livres em Paris, por exemplo, exclusivas para os orgânicos. Uma das estratégias dos produtores para atrair o público tem sido deixar que os consumidores montem as suas próprias cestas e paguem de acordo com o peso. A ideia é que ao dar poder ao consumidor o mercado fica ainda mais estimulado. “Os orgânicos são importantes não apenas para os agricultores, mas também para a população urbana”, afirma Adda. “É uma demanda que precisa ser atendida.”