O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, disse que o reajuste no piso mínimo do frete rodoviário, anunciado nesta terça-feira, 19, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não trará impacto para o setor agropecuário porque, graças à demanda, o valor praticado para transporte rodoviário de grãos está acima do indicado na tabela.

O movimento tem entre os parceiros associações, organizações e federações que representam o agronegócio. “Esse reajuste já é previsto na lei do piso mínimo, sendo feito em julho e janeiro”, disse Ferreira. “O reajuste que será feito agora não impacta em nada para nós. Nós sempre estamos pagando acima do valor do piso mínimo.”

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A ANTT publicou no Diário Oficial da União (DOU) de ontem uma nova tabela com preços mínimos de frete rodoviário. De acordo com a agência reguladora, as alterações vão resultar em um aumento médio que varia de 2,34% a 2,51%, conforme o tipo de carga e operação. O reajuste considera o IPCA, inflação oficial do País, e a atualização do preço do diesel.

Ao longo do ano passado, a média dos fretes ficou acima do piso mínimo, embora os valores tenham recuado em novembro e dezembro em relação ao desembolsado no pico das safras de grãos. “Em janeiro volta ao normal e vai num crescente em janeiro, fevereiro e março. Em abril começa a se estabilizar, em maio reduz um pouco”, disse. “Isso é normal. Se tem muita carga e pouco caminhão, o valor sobe, mas, se tem muito caminhão e pouca carga, o valor desce.”

Questionada sobre o reajuste no piso mínimo, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) disse que, “desde o princípio se manifesta contra a política do tabelamento de fretes e, mais uma vez, repudia esta medida”. Mas informou que vai cumprir a tabela com as alterações anunciadas pelo governo.

“A associação, que no passado já se manifestou sobre a ineficiência e inconstitucionalidade da tabela, acredita que, deixando livre o jogo de oferta e demanda, os custos praticados nos contratos de transportes de cargas estariam acima dos indicados na tabela”, disse a associação, em nota.

Greve

Por enquanto, não há grande preocupação no setor sobre uma possível paralisação dos caminhoneiros em 1º de fevereiro, mesmo coincidindo com a entrada da safra. “Pelas conversas que a gente tem tido com formadores de opinião e pessoas que analisam essa questão, acreditamos que não tenha ambiente para essa greve”, disse Ferreira.

Segundo ele, na greve de 2018 os caminhoneiros tiveram apoio dos produtores e da sociedade, mas hoje, em plena pandemia do novo coronavírus, isso não deve se repetir. Além disso, a liderança “extremamente pulverizada” dos caminhoneiros pode limitar a mobilização a grupos locais.