28/11/2015 - 23:42
Cerca de duas mil pessoas compareceram à segunda edição da Churrascada neste sábado, 28 de novembro, evento promovido em São Paulo e inspirado no americano Meatopia, maior festival de “barbecue” do mundo criado em 2004 pelo jornalista gastronômico Joshua Ozersky, em Nova York. No Brasil, a primeira edição realizada em 1º de agosto deste ano no espaço de eventos nos Nos Trilhos, na Mooca, reuniu 1,1 mil pessoas para apreciar a alta culinária à base de alimentos preparados na brasa por 15 chefes.
Na edição deste sábado, em um espaço mais amplo no bairro do Brooklin, 20 chefes e seus auxiliarem prepararam 2,4 toneladas de carne bovina, 600 quilos de suínos, 500 quilos de cordeiro e 300 quilos de carne de caça, como perdiz e faisão. Para acompanhar, foram preparados 100 quilos de legumes. “O evento é sensacional e instigante”, disse Eduardo Pedroso, diretor de originação da JBS em São Paulo e Mato Grosso do Sul. “Para nós é um momento estratégico de posicionamento de marca da companhia e faz parte de um movimento de valorização da carne de qualidade e com marca”. A JBS é uma das patrocinadoras master do evento, juntamente com a fabricante de cervejas belgo-brasileira InBev, para promover a marca Budweiser, comprada em 2008 por US$ 52 bilhões. Para o evento, a JBS destinou apenas cortes da marca Swift Black, originada na unidade confinadora de Guaciara, no interior paulista.
De acordo com o pecuarista Ricardo Viacava, da marca Nelore Mocho CV, com fazendas de seleção de gado no interior de São Paulo, a Churrascada serve para mostrar um dos caminhos para que o público urbano enxergue o campo. “É um grupo de formadores de opinião que participa ativamente do evento, gosta do churrasco e leva o conceito de qualidade para a frente “, diz Viacava. “E para produzir carne de qualidade é preciso de boi e genética de ponta.” Entre os vários cortes oferecidos estavam a costela de chão, preparada por Mário Portella, do Chinco Cabrón, e a bisteca fiorentina, preparada por Tatiana Bassi do Templo da Carne Marcos Bassi.
Para as preparações dos churrascos de porco, queixada, cateto, javali, linguiça e as aves, como a galinha d’angola e o frango caipira, os produtos foram fornecidos pela Cerrado Carnes, empresa criada em 2006 por Gonzalo Barquero com o objetivo de produzir e incentivar a criação de animais silvestres brasileiros. Completa lista de fornecedores a Flavor Poll Dorset, com os cordeiros e cabritos, e a Agrobonfim com frutas e legumes que serviram de acompanhamento dos pratos. O chefe Roberto Ravioli, com 30 anos de experiência na cozinha e dono dos restaurantes Emporio Ravioli e Ravioli Cucina Casalinga, em São Paulo, preparou na Churrascada o porco preto do cerrado no girarrosto, animal assado inteiro apenas com ervas e sal. Para Ravioli, o evento celebra a boa comida e começa a estabelecer uma ponte direta entre o produtor rural e mesa. “Não tenho dúvida da importância da Churrascada para levar o público urbano a enxergar o produtor rural através dos assados”, diz Ravioli. “O movimento gastronômico brasileiro é jovem, de não mais de duas décadas, e apenas uma pequena parte desses apreciadores de carne já possuem a cultura da cadeia produtiva.”