A tecnologia, aliada ao trabalho e conhecimento técnico dos estudantes e mestres da Universidade de São Carlos, resultaram no desenvolvimento de um aplicativo que permite reduzir, drasticamente, a quantidade de água usada para irrigar o solo. 

Além de evitar o desperdício do recurso natural, o aplicativo também colabora para a diminuição de gastos com a energia e fertilizantes. “Essa solução, que pode ser aplicada em empresas de todos os portes e principalmente em produções agrícolas recebe o nome de Sistema Sencer”, afirma o CEO Valdir Pavan.

A pesquisa realizada pela equipe multidisciplinar da empresa apontou que a maioria dos produtores irriga, em média, 30% a mais que o necessário.  “ A aplicação excessiva de água é destrutiva, porque ocorre saturação do solo, o que impede a aeração e lixivia de nutrientes, além de induzir a evaporação e salinização e, posteriormente, eleva o lençol freático para um nível que somente pode ser drenado a um alto custo”, explica.

O objetivo é gerar conhecimento para o agricultor. “Se ele tiver ferramentas para monitorar sua fazenda e melhorar o manejo da irrigação, como consequência haverá economia de água e energia na irrigação, além de aumento de produtividade e melhoria na qualidade do cultivo”, destaca Valdir.

Por ser sustentável, e de fácil manuseio o sistema pode ser utilizado em inúmeras safras ou permanentemente. Mede em até três níveis de profundidade, e é totalmente desenvolvido no Brasil.

O hardware do sistema consiste em uma haste integrada com sensores (sonda), que permite medir simultaneamente a temperatura e a umidade do solo em até três níveis de profundidade; um módulo de transmissão de dados wireless e um módulo concentrador de dados (central de recepção).

O software do sistema trata os dados coletados do solo e os agrega a outras informações como previsão do tempo, índices pluviométricos, temperatura e umidade relativa do ar para municiar o irrigante com informações sobre as características do solo. “Todos esses parâmetros são fundamentais para que o produtor possa decidir a quantidade de água a ser colocada na irrigação”, afirma Valdir.

A informação coletada é enviada para uma central. “ Dos pontos de leitura (módulo de transmissão) até as centrais (módulo de recepção) os dados são enviados via rádio frequência e o alcance pode ser até 6 km”, explica o diretor. O módulo de recepção está ligado ao roteador no escritório e enviará os dados recebidos para internet. Caso tenham problemas de conexão, os dados são gravados na central e enviados posteriormente após restabelecer a conexão.

Outra facilidade do sistema, que resulta em mais facilidade para o usuário, é que todos os dados podem ser visualizados em dispositivos como celulares e tablets, ou outros dispositivos que possuem acesso à internet.

Valdir reforça que o produto não pode ser comparado a uma estação meteorológica, porque são para aplicações distintas. “O Sistema Sencer é focado em medir parâmetros do solo e um deles é a umidade, a qual será utilizada para indicar a quantidade de água no solo e auxiliar o produtor na irrigação. Já as estações meteorológicas são utilizadas para medir parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar, direção e velocidade do vento, etc), mas não medem características do solo. Porém, o nosso produto pode ser utilizado junto a estações meteorológicas em fazendas para o produtor ter conhecimento do que acontece no solo e no ar.

O fim da captação irregular de água

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que cerca de 70% de todo o recurso hídrico consumido no mundo é utilizado na irrigação de lavoura.  Em tempos de seca e diminuição dos níveis dos rios e mananciais, trata-se de um índice elevado para atender a demanda de água destinada à produção agrícola.

Para agravar ainda mais a situação, o país, em especial algumas cidades e estados, passam por um período de seca e também diminuição nos níveis de rios – trazendo impactos na disponibilidade de agua para o produtor.

Com isso, O estado passa a limitar o uso do recurso, fazendo com que ocorram captações irregulares de água.  “ O produtor, para garantir a qualidade da sua produção e, principalmente, uma continuidade do seu negócio, deve apostar na tecnologia como grande aliada frente a estes desafios.  Além de gerar economia em diversos sentidos, e ajudar a preservar os recursos naturais para as gerações futuras, o investimento na solução é infinitamente menor do que receber uma multa”, conclui o CEO. Fonte: Ascom