27/10/2016 - 12:51
Produção agropecuária com baixas emissões de gases do efeito estufa é medida crucial para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, garantir rentabilidade e competitividade aos produtos brasileiros no cenário da nova economia. Essa percepção norteou debate realizado na segunda-feira (24/10), em Brasília, com representantes do governo, de empresas e de organizações da sociedade civil, promovido pelo Grupo de Trabalho da Agricultura de Baixo Carbono da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, e apoiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Realizadas no auditório do ministério, as discussões indicaram a necessidade de estabelecer parcerias entre os diversos setores da sociedade, além de investir em sensibilização e capacitação – do agente que leva assistência às propriedades, do próprio “operador” das técnicas de baixo carbono, do dono ou gerente da propriedade rural e até dos agentes financiadores –, para que todos entendam as oportunidades ambientais e econômicas de tais práticas.
A abertura da mesa-redonda ficou a cargo de Luana Maia, coordenadora da Coalizão Brasil, e de João Campari, assessor especial do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “A meta da pasta é elevar de 7% para 10% a participação brasileira no market share global de commodities agrícolas, e fazer isso com responsabilidade socioambiental”, afirmou Campari.
A primeira sessão foi voltada à avaliação das políticas públicas para a difusão de assistência e tecnologia, inclusive para a agricultura familiar, e contou com representantes do Programa Biodiesel, da Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo do Ministério da Agricultura e do projeto TerraCert.
O segundo painel apresentou a experiência de empresas que já levam assistência técnica a seus fornecedores, como Raízen, JBS e Associação Brasileira da Indústria do Óleo Vegetal (Abiove). A terceira parte, com BNDES, Michelin e Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), explorou as sinergias entre os setores público e privado, incluindo incentivos financeiros.
O último bloco foi dedicado à qualidade da assistência técnica disponível e à capacitação dos agentes responsáveis por levá-la a todos os rincões do país. Participaram representantes do Instituto Floresta Tropical (IFT), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Mato Grosso do Sul e do Plano ABC.
No fim do evento, estava patente que entender a realidade do produtor rural e do que ele precisa no dia a dia é decisivo. “Não basta apenas entregar um pacote de tecnologias. Temos de olhar a demanda da propriedade, pactuar com o produtor, perceber as diferentes nuances – regionais e de escala (se é pequeno, médio ou grande) – para dar assistência técnica e, por conseguinte, oferecer financiamento que lhe seja adequado”, afirmou André Guimarães, diretor executivo do Ipam. “Temos as melhores tecnologias agrícolas, mas ainda existem bolsões de áreas produtivas com alta degradação do solo. Precisamos estabelecer parcerias com governo, sociedade civil, agências públicas e privadas para solucionar esse desequilíbrio. O poder público não vai resolver sozinho”, completou.
A mesa-redonda Assistência técnica, difusão de tecnologia e financiamento: caminhos para a consolidação da agropecuária de baixo carbono teve patrocínio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Agroicone, Solidaridad, Instituto Arapyaú, Instituto BioSistêmico (IBS), Imaflora e WWF Brasil.