Um seguro de “performance energética”, que garanta o retorno de investimentos de pequenas e médias empresas (PME) em projetos de eficiência energética e instalações de geração fotovoltaica, minimizando o temor de pequenos empresários em adotar essas iniciativas. Essa é a proposta do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que lança nesta quarta-feira o Programa ESI (Seguro de Economia Energética, na sigla em inglês), voltado a impulsionar esse segmentos.

O modelo já funciona na Europa e está disponível em países vizinhos, como o caso do Chile, Colômbia, El Salvador, México e Peru. O seguro prevê o pagamento do valor previsto em contrato correspondente à redução no consumo de energia – para projetos de eficiência energética – ou à geração elétrica – para instalações fotovoltaicas -, caso esses indicadores não sejam atingidos por problemas de desempenho do projeto ou dos equipamentos envolvidos.

“Muitas vezes, projetos relevantes, por exemplo, de instalação de painéis solares, são postergados por medo de os investimentos não gerarem economia. Ao garantir o desempenho desses projetos, queremos incentivar o crescimento de um mercado com potenciais óbvios em termos ambientais e econômicos, sobretudo para as pequenas e médias empresas”, diz o representante do Grupo BID no Brasil, Morgan Doyle.

As pequenas e médias empresas foram identificadas como prioridade para o programa pelo BID devido a seu peso na economia do País. O segmento de PMEs representa 99,5% das empresas e 58% dos empregos formais no Brasil e, na avaliação do banco, podem ganhar espaço no orçamento ao otimizarem seus custos com eletricidade.

Contratação

O tomador do seguro é o fornecedor das soluções energéticas e o beneficiário é a PME que contrate os serviços de eficiência ou de geração energética. A contratação do seguro é feita com seguradoras conveniadas ao programa. Atualmente, há apenas uma empresa no Brasil, a Invest, e o BID, que se propõe a ser indutor deste mercado, espera que outras seguradoras possam passar a oferecer o produto.

A expectativa é também que o seguro possa ser oferecido em parceria com bancos privados que, com a garantia oferecida pelo modelo, terão mais segurança para oferecer crédito para investimentos em eficiência energética.

Além do seguro, o programa contempla acompanhamento do pré-projeto, da instalação dos equipamentos e da mensuração do desempenho por um período de até cinco anos. Esse suporte é feito em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Segundo projeções da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os investimentos na fonte solar fotovoltaica devem ultrapassar a cifra de R$ 22,6 bilhões em 2021, somando os recursos destinados a grandes usinas – a chamada geração centralizada – e aos sistemas de menor porte instalados em telhados, fachadas de edifícios e pequenos terrenos, também conhecido como geração distribuída.

Somente no segmento de geração distribuída, alvo de grande parte dos projetos de PMEs, a Absolar estima investimentos de R$ 17,2 bilhões, com uma previsão de crescimento de 90% na capacidade instalada, para 8,3 GW.