A moagem da cana-de-açúcar da nova safra vai começar. As turbinas das usinas estão sendo acionadas e, em menos de um mês, todas as moendas brasileiras já estarão funcionando a todo vapor. É como deveria ser, mas tudo indica que não será. A regra básica do setor sucroenergético – dar início à temporada entre os dias 25 de março e 1º de abril de cada ano – não vai se aplicar à próxima safra, pois a cana disponível nas lavouras não está pronta.

Foram quatro meses de seca intensa, em 2010, seguidos de dois meses chuvosos neste ano e o resultado é uma cana baixa, com desenvolvimento atrasado, que pode reduzir o rendimento agrícola em cerca de 6%. A queda, estimada em 0,3% em relação à safra anterior, de 556,2 milhões de toneladas, vai ser sentida na região Centro-Sul, segundo levantamento da consultoria Datagro, de São Paulo. A moagem na região Nordeste, ao contrário, terá alta de 3,4%.

A queda da produção dos canaviais da região Centro-Sul é a primeira dos últimos 11 anos e vem reforçada pelo alto índice de renovações de lavoura, já que o excesso de chuva prejudicou as soqueiras. “Esta renovação será de 19%, diferentemente do que ocorreu nas safras anteriores”, diz Plínio Nastari, CEO da Datagro. Apesar disso, a oferta de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) da safra anterior se repetirá. “Os preços continuarão pressionados, tanto para o açúcar como para o etanol”, afirma.

A moagem total da região Centro- Sul em 2011/12 será de 550 milhões de toneladas, com a produção de 35,1 milhões de toneladas de açúcar e 25,3 bilhões de litros de etanol. A moagem da cana da região Nordeste será de 61 milhões de toneladas. “Continuaremos a priorizar a produção açucareira, o que promoverá naturalmente um equilíbrio no preço do etanol, que deve girar em torno de R$ 0,85 por litro em meados de junho”, diz. Na previsão do consultor, em 2011 a sazonalidade de preços diminuirá entre a safra e a entressafra. “Poderemos ter o maior valor médio para o etanol dos últimos 30 anos”, afirma.