A taxa média de juros no crédito livre caiu de 28,5% ao ano em janeiro para 28,1% ao ano em fevereiro, informou nesta segunda-feira, 29, o Banco Central. Em fevereiro de 2020, essa taxa estava em 34,1% ao ano.

Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas, em especial nos meses de março e abril do ano passado.

Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos ao longo de 2020.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre subiu de 39,5% para 40,1% ao ano de janeiro para fevereiro, enquanto para as pessoas jurídicas caiu de 15,2% para 13,8% ao ano.

Cheque especial

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 120,3% ao ano para 124,9% ao ano de janeiro para fevereiro. No crédito pessoal, a taxa permaneceu em 33,2% ao ano.

Desde janeiro de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200.

Desde 6 de janeiro de 2020, o BC aplica uma limitação dos juros do cheque especial em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Revisões

Além da limitação do juro, os dados desta segunda-feira refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura.

Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Veículos

Os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 20,2% ao ano em janeiro para 20,0% em fevereiro.

Juros no crédito total

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 20,1% ao ano em janeiro para 19,8% ao ano em fevereiro. Em fevereiro de 2020, estava em 23,0%.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,2 ponto porcentual em fevereiro ante janeiro, aos 17,2% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

O spread em operações de crédito apresentou redução no mês passado. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 23,5 pontos porcentuais em janeiro para 22,9 pontos porcentuais em fevereiro.

O spread médio da pessoa física no crédito livre subiu de 34,1 para 34,5 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio caiu de 10,7 para 9,1 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por várias linhas de crédito nos bancos ao longo da pandemia de covid-19. Ao mesmo tempo, o risco de inadimplência nas operações cresceu – o que, em tese, serve de impulso ao spread.

O spread médio do crédito direcionado foi de 4,4 para 4,5 pontos porcentuais na passagem de janeiro para fevereiro. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 15,8 para 15,6 pontos porcentuais no período.

Concessões

Em meio ao recrudescimento da pandemia de covid-19, as concessões dos bancos no crédito livre subiram 5,2% em fevereiro ante janeiro, para R$ 285,6 bilhões, informou o Banco Central. No ano, porém, a queda acumulada foi de 5,7% e, nos 12 meses até fevereiro, houve retração de 1,7%.

Estes dados, apresentados nesta segunda-feira pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas, em especial nos meses de março e abril do ano passado. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos ao longo de 2020.

Em fevereiro, no crédito para pessoas físicas, as concessões subiram 0,2%, para R$ 153,9 bilhões. Em 12 meses até fevereiro, há baixa de 4,4%.

Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões avançaram 11,8% em fevereiro ante janeiro, para R$ 131,7 bilhões. Em 12 meses até fevereiro, o avanço é de 1,2%.

Inadimplência

Apesar das dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio ao recrudescimento pandemia de covid-19, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos ficou estável em 2,9% de janeiro para fevereiro, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência se manteve em 4,1% no período. No caso das empresas, a taxa seguiu em 1,6%.

Já a inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 1,1% para 1,3% na passagem de janeiro para fevereiro.

Com isso, o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência foi de 2,1% para 2,3%.

Endividamento

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 56,4% em dezembro de 2020, ante 55,0% em novembro, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 34,7% em dezembro, ante 33,8% em novembro.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) Contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre são divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro, no entanto, o BC havia adiado a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números, com referência em dezembro.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 31,1% em dezembro, ante 30,8% em novembro. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,4% em dezembro, ante 28,1% em novembro.