05/01/2017 - 13:23
Agronegócio indireto | Conglomerados
Nenhuma das matérias-primas da cerveja existe sem o agronegócio. Com a simplicidade de ingredientes como água, malte de cevada, lúpulo e fermento, segundo a lei de pureza criada na Alemanha, em 1516, um mestre-cervejeiro consegue dar vida a uma das bebidas mais consumidas no mundo. Por esse motivo, a Ambev, quarta maior empresa global do segmento, com operação em 19 países das Américas e faturamento de cerca de R$ 70 bilhões por ano, tem como um de seus destaques a estratégia de valorização e desenvolvimento do setor agrícola no Brasil. “É no campo, com o mais alto controle de qualidade, onde começam a ser criadas as nossas cervejas. Tudo é escolhido com atenção aos mínimos detalhes para garantir a melhor experiência possível aos nossos consumidores”, afirma Maurício Soufen, mestre-cervejeiro e vice-presidente industrial da Ambev, eleita pela quarta vez a melhor empresa do Agronegócio Indireto, categoria Conglomerados, no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. A companhia também foi a vencedora em Gestão Financeira.
Embora o Brasil seja o terceiro maior produtor mundial de cerveja, com mais de 14 bilhões de litros por ano, a produção nacional de cevada não atende metade das necessidades das indústrias brasileiras. É preciso importar mais de 400 mil toneladas de cevada para completar a demanda das cervejarias, que consomem mais de 1,3 milhão de toneladas de malte. “O Brasil é grande consumidor e importador de malte e cevada apenas para atender a indústria cervejeira”, diz o pesquisador Euclydes Minella, da Embrapa Trigo (RS). “Há grandes oportunidades para o aumento da capacidade de produção de cevada.” Há 30 anos, a Ambev estabeleceu uma parceria com a Embrapa para incentivar o cultivo de cevada no Brasil. Atualmente, cerca de 2 mil agricultores do Sul do País recebem 270 mil toneladas de sementes a cada safra. O trabalho vem dando resultado e o programa de fomento da cervejaria fez a área de plantio crescer para 56 mil hectares em 2016, expansão de 10% sobre o ano anterior. A adesão ao SmartBarley, por exemplo, um sistema de gestão que ajuda os produtores a aumentar a produtividade, cresceu 25% neste ano, para 385 lavouras.
Dentro da estratégia da Ambev, comandada pelo CEO Bernardo Paiva, o mais importante é apostar naquilo que é possível manter sob controle, como os incentivos e as parcerias no agronegócio. Fatores que estão fora de controle, como a conjuntura econômica, devem ser absorvidos e encarados com estratégias, tanto comerciais como financeiras. Mesmo com sete trimestres seguidos de Produto Interno Bruto (PIB) em queda e a inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, a companhia de bebidas não descuidou de sua disciplina nos custos e nas despesas. Nos nove primeiros meses de 2016, a receita líquida da empresa foi de R$ 32,4 bilhões, 3,2% maior que no mesmo período do ano passado. “O ano de 2015 já foi duro e esperávamos um 2016 bem desafiador, com inflação ainda em alta e desemprego pressionando a renda”, afirma Marino Lima, diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev. “Mas a disciplina financeira na companhia é grande. É preciso ser consistente sempre, ainda mais num ano difícil.”
Para ser a melhor em Gestão Corporativa pelo segundo ano, a Bayer CropScience do Brasil não abriu mão da inovação e do incentivo à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e soluções. Com investimento global de 10% do seu faturamento em P&D, a companhia busca preencher as lacunas que ajudam na expansão do agronegócio. No caso do Brasil, uma das principais frentes é a soja. Neste ano, foi lançada uma marca de sementes com tecnologia que possibilita controlar as plantas daninhas resistentes ao principal herbicida disponível no mercado. “Ao longo dos últimos anos, a Bayer vem tentando entender o produtor brasileiro e suas necessidades, com estudos e pilares como tecnologia e relacionamento”, afirma Eduardo Estrada, presidente da divisão Crop Science da Bayer no País. “A Rede AgroServices, por exemplo, fomenta a troca de informações como em uma rede social do agronegócio, ao mesmo tempo em que nos auxilia na criação de inovações.”
Lançada no ano passado, essa rede funciona como uma plataforma colaborativa com a cadeia produtiva. A importância desse meio é permitir o encontro e o contato entre diferentes participantes da cadeia, como produtores, distribuidores, cooperativas e consultores. Por ela, todos podem interagir e expandir seus negócios na busca de soluções para os diferentes gargalos que o produtor enfrenta na sua produção. A Bayer investiu R$ 100 milhões de reais entre construção e fomento dessa plataforma, que conta atualmente com 450 grandes agricultores, 70 mil produtores de médio e pequeno portes, 60 consultores, 320 distribuidores, 100 cooperativas e 110 produtores de serviços.
O universo digital é uma tendência na expansão dos negócios da Bayer, que investiu na criação de uma nova área chamada de Digital Farming. A iniciativa é vista como uma tendência para que agricultores gerenciem seus negócios por meio de diversas tecnologias, que permitam tomadas de decisão mais precisas e rápidas. “Os esforços da empresa no emergente campo da agricultura digital incluem o comprometimento de investir pelo menos E200 milhões globalmente em Digital Farming, entre 2015 e 2020”, diz Estrada. “Atualmente, estamos comercializando e testando produtos desse segmento em dez países, com o objetivo de rapidamente expandir ainda mais e desenvolver o melhor sistema de apoio digital de proteção de cultivos para os agricultores.”