Café

Com os olhos no futuro, Pedro Alcântara Rego de Lima, CEO do Grupo Três Corações, afirma que o próximo projeto da empresa é lançar uma linha de cafés especiais, com certificação de origem. “Estamos negociando com produtores de regiões, como a Mogiana, em São Paulo, o Sul e o cerrado mineiro e o planalto baiano, para oferecer a primeira linha desses produtos”, afirma. “Queremos desenvolver um sistema que seja possível ao consumidor ver online o local onde foi produzido o café que ele está tomando.” Por causa do maior valor agregado, o café especial tem recebido investimentos nos últimos anos. Na safra encerrada em 2016, o Brasil produziu 49 milhões de sacas. A estimativa é que os cafés especiais respondam por 10% dessa produção. Na Três Corações, a linha de produtos de cafés orgânico, descafeínado e premium, que foram lançados nos últimos dez anos, como o Estrada Real, por exemplo, respondem por 2% das vendas da empresa. A expectativa é que, com a nova linha de cafés certificados, eles cheguem a 5% das vendas nos próximos cinco anos.

Em 2015, a Três Corações faturou R$ 2,5 bilhões, grande parte desse resultado foi construído graças ao fortalecimento da marca nos cafés e outras bebidas em cápsulas, inclusive com a aposta em novas máquinas domésticas da marca própria Tres. Em valores, a estimativa é que até 2019 o mercado dessas máquinas movimente R$ 3 bilhões por ano. O desempenho financeiro garantiu à Três Corações o primeiro lugar no setor Café do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2016. O grupo conta com marcas também nos setores de achocolatados, bebidas mistas, derivados de milho e refrescos, mas o café é o responsável por cerca de 75% do faturamento. “O café é um produto pouco afetado pelos problemas econômicos e está na cesta básica do brasileiro”, diz Lima.

Receita: R$ 2,54 bilhões Posição no ranking: 62o Setor de atuação: cafés Principal feito: lançamento da máquina doméstica multibebidas e de um café exclusivo para o chef paulistano Alex Atala pedro alcântara rego de lima, diretor-presdiente do Grupo Três Corações
Receita: R$ 2,54 bilhões
Posição no ranking: 62o
Setor de atuação: cafés   Principal feito: lançamento da máquina doméstica multibebidas e de um café exclusivo para o chef paulistano Alex Atala pedro alcântara rego de lima, diretor-presdiente do Grupo Três Corações

Em busca da diversificação do negócio, a Três Corações vem comprando marcas. Em março deste ano, por um valor não revelado, a empresa adquiriu a Iguaçu de Café Solúvel, que tem sede em Cornélio Procópio (PR), tornando-se dono das marcas Iguaçu, Cruzeiro e Amigo. A Três Corações é agora a segunda maior empresa do mercado de solúveis, com 32% das vendas, atrás apenas da multinacional suíça Nestlé, responsável por 46% do segmento. Além do consumo doméstico, com solúveis e cápsulas, a empresa investe em pontos de venda. Desde 2012, mantém uma parceria com a rede Grão Espresso, presente em 21 estados e Brasília. Em 2015, a novidade nesse segmento foi a criação de uma mistura de cafés exclusiva para o chef paulistano Alex Atala servir em seus restaurantes.

As estratégias somadas buscam atender um consumo interno da bebida que deve crescer 3,5% neste ano em relação ao ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). No ano passado, 20,5 milhões de sacas foram negociadas no País. Para Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, o maior desafio da indústria cafeeira neste ano foi não repassar o aumento dos custos para o consumidor final. Por causa da estiagem, o preço da espécie conilon ou robusta foi às alturas. E isso faz toda a diferença, uma vez que a maioria dos produtos vendidos no Brasil leva 25% deste tipo de café em sua composição. “O conilon tem um sabor mais amadeirado que o arábica, com maior teor de cafeína, corpo e amargor”, afirma Herszkowicz.

A seca no Espírito Santo nos últimos dois anos é apontada como a principal causa do aumento dos preços do conilon, produzido apenas em terras capixabas e em Rondônia. “A quebra da safra do Espírito Santo foi próxima de 50%”, diz Herszkowicz. Por isso, seu preço disparou. A saca, que custava R$ 280 em 2013, chegou a R$ 560 neste ano. “O conilon, que era 20% mais barato do que o arábica, hoje está 5% mais caro”, afirma.110

Apesar disso, o clima é de otimismo segundo Herskowicz . Um dos motivos é a alta do consumo de café entre jovens, o que fortalece especialmente quem está investindo em cafés especiais e nas cafeterias. “Há 15 anos, quando criamos nossa certificação, não existia esse mercado específico, hoje já são mais de 170 marcas”, diz ele. De acordo com Lima, a Três Corações está de olho no movimento de cafeterias, mas a prioridade atual tem sido a multiplicação das alternativas de cafés oferecidos nas padarias. “Temos de estar atentos“, afirma Lima. “Somente na capital paulista há 4,8 mil padarias. Em todo o Estado são cerca de sete mil estabelecimentos.”