São Paulo, 15 – Os preços das principais hortaliças (alface, cenoura, batata, cebola e tomate), comercializadas no atacado, em março, registraram queda. O resultado, em geral, é reflexo de uma maior oferta nos mercados e uma diminuição no consumo, informa a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no 4º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta quinta-feira, 15.

Conforme comunicado da estatal, “enquanto o avanço da colheita resulta numa maior quantidade de produto nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) analisadas, as medidas restritivas para o combate ao novo coronavírus afetam a demanda. Em abril, o cenário segue ainda incerto”.

A pesquisa da Conab considera as cinco hortaliças (batata, cenoura, cebola, tomate e alface) com maior representatividade na comercialização nas principais Ceasas do País e que registram maior destaque no cálculo do índice de inflação oficial (IPCA

Segundo a Conab, a maior queda foi verificada nos preços de comercialização da batata. Para o tubérculo, as cotações caíram dois dígitos em todas as Ceasas pesquisadas. O Rio de Janeiro foi o Estado que registrou o barateamento mais intenso, atingindo um porcentual negativo de 39,47%. “Com o pico da safra das águas registrado entre fevereiro e março, essa redução era esperada. Já para este mês a tendência é que ocorra pressão de alta nos preços”, estima a Conab.

No caso da cenoura, o entreposto de Goiás registrou queda significativa nos preços da raiz, sendo que nesse atacado ficou 24,84% mais barata. “Mesmo que já seja possível observar uma reversão da tendência de declínio dos preços da cenoura, o aumento registrado no início de abril ainda é pequeno, tanto pela demanda continuar retraída quanto pela qualidade do produto ofertada nos mercados”, ponderam os técnicos da Conab.

Cebola e tomate também registram comportamento semelhante. A oferta de cebola aumentou cerca de 15% no País. “Mas a tendência dos preços para abril será determinada pela intensificação da colheita nas regiões produtoras do Nordeste, uma vez que se registra o fim da safra no Sul do País”, diz a Conab.

Em abril, as cotações do tomate, por sua vez, começam a apresentar alta. “O ápice da safra de verão já ocorreu e a oferta das áreas produtoras não deve se sustentar nos mesmos níveis.”

Frutas

No segmento de frutas, o estudo da Conab também considerou os alimentos com maior participação na comercialização e no cálculo da inflação (banana, laranja, maçã, mamão e melancia).

Os destaques, conforme a Conab, vão para a maçã e o mamão que tiveram comportamentos opostos. Enquanto a primeira ficou mais barata em todas as centrais analisadas, a segunda teve elevação das cotações, chegando a quase triplicar de preço em Goiânia com alta de 144,85%.

“A queda nos valores comercializados da maçã segue os motivos das reduções nas hortaliças, uma maior oferta nas regiões produtoras – principalmente com a intensificação da variedade fuji – combinada com a demanda mais fraca”, diz a Conab.

Para o mamão, apesar da diminuição pela procura do produto, a queda da colheita na maioria das regiões produtoras foi determinante para a alta. A expectativa é que em abril ocorra um aumento no volume do produto disponível no atacado, já que há expectativa de amadurecimento precoce de frutas no oeste baiano, devido ao calor projetado para a região pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

No caso da banana, o mês de março registrou elevação da oferta em quase todas as Ceasas e queda de preços na maioria delas. De acordo com a Conab, essa dinâmica foi influenciada pelo aumento do volume colhido de banana nanica, no fim do mês, na microrregião de Registro/SP (Vale do Ribeira), da banana prata na microrregião de Janaúba/MG e da queda geral da demanda.

Se fevereiro teve queda da comercialização de laranjas em todas as Ceasas, somada a pequenas oscilações de preços, março registrou leve alta da comercialização conjugada a pequenas elevações nas cotações. Isso ocorreu “muito em virtude da melhor qualidade das frutas comercializadas (principalmente as precoces e as laranjas pera tardias)”, dizem os técnicos.

O leve aumento da oferta de melancias no decorrer do mês na maioria das Ceasas não se transformou automaticamente em grande queda das cotações, diz a Conab. A demanda foi amortecida, e para não haver grande queda de preços e da rentabilidade, menos melancias foram adquiridas pelos atacadistas, principalmente levando-se em conta o mesmo período do ano passado.