06/06/2017 - 13:18
A Embrapa e a Fundação Bahia lançaram as novas cultivares BRS 430 B2RF, BRS 432 B2RF e BRS 433 FL B2RF, em evento que reuniu de produtores, gerentes de fazendas, técnicos, pesquisadores e parceiros das entidades, no dia 31, na Bahia Farm Show, que aconteceu em Luís Eduardo Magalhães, BA. Com garantia de alta produtividade, estabilidade de produção, fibra de qualidade superior, além de resistência às principais lagartas que atacam o algodoeiro e ao herbicida glifosato, as novas cultivares estarão disponíveis aos cotonicultores na safra de algodão 2017/2018.
Para o presidente da Fundação Bahia, Ademar Marçal, as três novas variedades são “pérolas” que estão sendo disponibilizadas aos produtores da região Oeste da Bahia, demais estados do Matopiba e Centro-Oeste. “Não adianta nós termos solos férteis, temperatura ideal, luminosidade, se não tivermos variedades que venham atender as necessidades da região. E eu tenho certeza esses materiais são altamente competitivos”, ressaltou Marçal.
Representando o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, o chefe-geral da Embrapa Produtos e Mercado, Frederico Ozanan Durães, destacou as contribuições que a pesquisa tem dado para o Agro brasileiro. “Nesse lançamento de três novas cultivares de algodão nós fechamos um ciclo de 12 a 14 anos de muito trabalho e entramos em uma nova fase de posicionamento estratégico desses materiais para que possam contribuir para alavancar o Agro brasileiro e o Agro baiano”, disse.
Durante o evento, o secretário de Agricultura do Estado da Bahia, Vitor Bonfim, ressaltou a importância de fortalecer cada vez mais a pesquisa na região através da criação de um fundo de investimentos específico para este fim. “É fundamental o investimento em pesquisa, inovação e infraestrutura para avançar cada vez mais em produção, produtividade, área plantada e ao final o produtor possa auferir o almejado lucro e movimentar a economia do Estado da Bahia”.
O presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, e o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Busato, parabenizaram as entidades pelo lançamento e ressaltaram a importância dessas novas cultivares para a região. “Eu olho para essas novas cultivares e vejo como esperança. Esperança de que ao levarmos essas variedades para o campo, elas nos tragam o algo mais, ou seja: o aumento de lucratividade para nós produtores que é o que estamos precisando”, disse Busato.
As novas cultivares de algodão têm a tecnologia Bollgard II Roundup Ready Flex (B2RF, da Monsanto), que conferem a resistência ao glifosato e a lagartas. “A três cultivares possuem transgenia para resistência a lagartas, com dois genes Bt (Bacillus thuringiensis), o que reduz a necessidade de uso de inseticidas para o controle de lagartas; além disso, possuem resistência ao herbicida glifosato, permitindo a pulverização com glifosato para controle de plantas daninhas, sem a necessidade de utilização de herbicidas não seletivos em jato dirigido”, afirma o pesquisador Camilo Morello, líder do programa de melhoramento genético do algodoeiro na Embrapa.
As cultivares BRS 432 B2RF e BRS 430 B2RF destacam-se pelo elevado potencial produtivo. A produtividade média é superior a 4.500 quilos (300 arrobas) de algodão em caroço por hectare e a produtividade máxima pode ultrapassar seis mil quilos (400 arrobas) de algodão em caroço por hectare.
Ambas são indicadas para os cerrados da Bahia e demais estados do Matopiba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo a BRS 432 B2RF própria para a abertura do plantio em primeira safra e a BRS 430 B2RF para o meio e fechamento do plantio em primeira safra ou para segunda safra no cerrado do Centro-Oeste (safrinha). O rendimento de fibra médio da BRS 432 B2RF é de 42% e o da BRS 430 B2RF é de 40%.
Primeira cultivar transgênica de fibra longa
A BRS 433 FL B2RF é a primeira cultivar de algodão transgênico de fibra longa do Brasil. O novo material possui comprimento de fibra superior a 32,5 mm, e elevada resistência (acima de 34 gf/tex), características consideradas ideais pela indústria têxtil para a fabricação de tecidos finos destinados à fabricação de roupas. O comprimento médio das fibras atualmente disponíveis no mercado é em torno de 30 milímetros. Hoje o Brasil importa fibras longas para misturar com fibras médias e produzir um fio de melhor qualidade. A nova cultivar pode ajudar a suprir a demanda interna por fibra longa.
“Atualmente o Brasil não produz algodão transgênico com esta qualidade de fibra e, por isso, a nova cultivar representa uma oportunidade para atender essa demanda. A maior parte da fibra de qualidade superior é importada de países como o Egito, Estados Unidos e Peru”, avalia o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão (PB), pesquisador João Henrique Zonta.