O resultado das transações correntes ficou negativo em março deste ano, em US$ 3,970 bilhões, informou nesta segunda-feira, 26, o Banco Central. Este é o pior resultado para meses de março desde 2015, quando houve déficit de US$ 5,772 bilhões.

Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que desde março do ano passado tem reduzido o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado déficit de US$ 1,3 bilhão na conta corrente.

O número de março ficou dentro do levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 9,00 bilhões a superávit de US$ 3,20 bilhões (mediana negativa de US$ 2,50 bilhões).

A balança comercial registrou saldo negativo de US$ 437 milhões em março, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,057 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,993 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 3,919 bilhões.

No acumulado do primeiro trimestre de 2021, o rombo nas contas externas soma US$ 15,361 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 2 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Nos 12 meses até março deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 17,834 bilhões, o que representa 1,24% do Produto Interno Bruto (PIB).

Remessa de lucros e dividendos

A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 1,723 bilhão em março, informou nesta manhã o Banco Central. A saída líquida é inferior aos US$ 4,003 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.

No acumulado do primeiro trimestre de 2021, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos de US$ 2,835 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2021 some US$ 24 bilhões. Esta projeção foi atualizada no último Relatório Trimestral de Inflação.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,278 bilhão em março, ante US$ 866 milhões em igual mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre, essas despesas alcançaram US$ 6,518 bilhões.

Viagens

Ainda sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 100 milhões em março, informou o BC. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em março de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 227 milhões.

Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram 55,95% em março deste ano. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março do ano passado, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.

O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 313 milhões – queda de 48,86% em relação a março de 2021. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 213 milhões no mês passado, o que representa um recuo de 44,68%.

No primeiro trimestre, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 167 milhões.

Dívida externa

A estimativa do BC para a dívida externa bruta brasileira em março é de US$ 305,718 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões.

A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 234,217 bilhões em março, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 71,502 bilhões no fim do mês passado.