22/11/2017 - 12:23
Computadores, máquinas agrícolas, satélites, drones, celulares, sensores de umidade de solo, pivôs centrais, estações meteorológicas e a própria internet são ferramentas cada vez mais interligadas e conversando entre si. Essa é a chamada internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) que vai avançar bastante até 2022, em uma revolução impulsionada pelos investimentos globais das agtechs. Segundo um estudo da Inmarsat, empresa de comunicações móveis por satélite, divulgado em outubro, 66% dessas empresas gastarão até 20% do faturamento em inovações na área da tecnologia da informação. Isso deverá alavancar a valorização do mercado mundial de agtechs, que deve sair dos atuais US$ 28,4 bilhões para US$ 240 bilhões em 2050, segundo o banco de investimentos americano Goldman Sachs Global. Confira outros destaques da pesquisa que ouviu 100 empresas de tecnologia para o campo.
PREÇO
Netflix do campo
Enquanto o custo dos serviços das agtechs pode variar conforme o uso diário do produtor ou pelo tamanho da área da fazenda, a Agronow aposta agora numa padronização de preço dos serviços prestados. No início de outubro, a startup paulista lançou um plano anual a partir de R$ 1 por hectare, destinado a propriedades acima de 500 hectares. A solução da companhia é um sistema de análise preditiva e monitoramento de safras. Com o plano, o produtor tem acesso a todos os índices da plataforma de inteligência, como mapas de produtividade, umidade e temperatura, além de outros mapas que fazem a varredura na área cultivada, em busca de pragas e doenças. O sistema pode ser acessado por computador ou por aparelhos móveis com sistema Android e iOS.
ÁGUA
Ambev busca solução sustentável
Quatro empreendedores brasileiros passarão por um programa de aceleração para desenvolver inovações tecnológicas no combate a escassez hídrica no País. O programa é uma iniciativa firmada em outubro entre a água Ama, marca da Ambev, e a aceleradora paulistana Yunus Negócios Sociais. O grupo foi selecionado entre os 72 empreendedores que se inscreveram no site da Ama no mês passado. A iniciativa envolve uma série de cursos e mentoria que seguirão até janeiro do ano que vem. As melhores ideias poderão virar um negócio de fato, integrando a outros projetos já investidos pela Ambev. Lançada no início deste ano, a Ama foi concebida para direcionar todo o lucro no suporte de projetos de acesso à água no semiárido brasileiro. Até o mês passado, a companhia repassou R$ 317 mil para sete projetos no Ceará.
AGRICULTURA
Manejo direto na tela
A americana de nutrição e defensivos para lavouras Stoller lançou em outubro o aplicativo Soluções Essenciais. Ele permite acessar as recomendações necessárias sobre a fisiologia, nutrição e biologia da planta para o uso de produtos nas lavouras. As informações cobrem diversos cultivos, entre eles, soja, café, arroz, banana, batata, cana, algodão, milho, citros, feijão, trigo e hortaliças. O aplicativo também possui uma interface interativa que pode gerar recomendações customizadas ao produtor. A ferramenta é gratuita e pode ser acessada por celular e tablet, com sistemas iOS e Android.
INOVAÇÃO
Mais próximo do prato
Em meados de outubro, especialistas da indústria de tecnologia na alimentação afirmaram que dentro de quatro anos deve chegar ao mercado as primeiras carnes bovinas e de aves cultivadas por células animais em laboratório. A informação é da plataforma online americana de investimentos no agronegócio Agfunder. A estimativa é que sejam investidos cerca de US$ 370 milhões até lá. Desde o anúncio da produção das primeiras carnes bovinas, em 2013, e de aves, no início deste ano, o mercado vem esperando por essa novidade de dispor ao consumo humano uma proteína livre do abate animal.
INVESTIMENTOS
À caça de startups
O fundo de capital de risco paulistano Bossa Nova Investimentos (BNI) está à caça de empresas iniciantes em inovação e tecnologia, em especial as agtechs. Hoje, com um portfólio de 170 empresas, a BNI possui apenas três startups do campo: a catarinense Jetbov, a baiana Pastar e a mineira Nextagro. Esse número tem tudo para mudar. Em outubro, os sócios João Kepler e Pierre Schurmann anunciaram que vão investir em mais 50 empresas até o final do ano, entre elas, empresas iniciantes do agronegócio. No último ano, a BNI injetou R$ 19,5 milhões em 110 empreendimentos. A meta é chegar a cerca de mil startups até 2020. O negócio tem se mostrado bem rentável. O patrimônio em empresas dessa dupla está avaliado em R$ 3 bilhões, com um retorno de 43% a cada real investido.
MAÇÃ
Guia da produção
A Embrapa e a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã fecharam uma parceria em outubro com a startup israelense Agritask. A ideia é monitorar a incidência de pragas nos pomares usando a ferramenta de processamento maciço de dados (big data) da empresa. A partir do registro dos dados de todas as etapas da cadeia produtiva no campo, a solução facilita a mensuração de resultados e auxilia na gestão de riscos, tomada de decisões e planejamento de atividades preventivas. Em algumas das fazendas onde a solução está em uso, os ganhos são de 20% de eficiência nos processos logísticos e reduções de até 15% no uso de defensivos químicos.
CONECTIVIDADE
Adeus apagão
Tudo indica que os problemas gerados pela falta de conexão de internet no campo estão prestes a serem coisas do passado. No início de outubro, as paulistas Atech, do grupo Embraer, e a Desh Tecnologia, firmaram um acordo para fornecer soluções de comunicação sem fio a diversos setores, entre eles, o agronegócio. A tecnologia é baseada em transmissão de dados por uma rede parecida com a de roteadores (rede mesh), para melhorar o sinal no campo. O projeto conta com o suporte de R$ 130 milhões do Fundo Aeroespacial, composto pela Embraer, Finep, BNDES e Desenvolve SP.
EVENTO
Vale do Piracicaba em movimento
A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), incentivadora do centro formador de tecnologia Vale do Piracicaba, uma referência ao americano Vale do Silício, realizou no início de outubro a primeira Feira de Inovação para o Agronegócio Sustentável, a Esalqshow. Em dois dias, o evento reuniu cerca de três mil pessoas no campus central da Esalq, em Piracicaba (SP). Além de apresentar 67 empresas e projetos, e 14 vitrines tecnológicas com foco em soluções de agentes biológicos para a defesa de lavouras, a mostra reuniu 55 palestrantes para debater o futuro da inovação no campo. A edição de 2018 já está marcada e ganhou mais um dia: será de 9 a 11 de outubro.