29/01/2018 - 12:47
Os destaques da pecuária
O estado da arte na pecuária, termo utilizado para designar o seu nível mais elevado, seria a combinação de preços firmes da carne e do leite no mercado consumidor, com baixo custo de produção no campo para um produto de alta qualidade. Mas não é sempre que essa conjunção ocorre. Em geral, na maior parte das vezes, esses elementos de mercado estão fora de compasso. A pecuária, uma atividade de ciclo longo, mas que todo ano precisa colher uma safra de bois e outra de leite, enfrentou em 2016 um período de aumento dos custos de produção, ao mesmo tempo em que passou por uma severa seca, diminuindo a capacidade de engorda das pastagens. Também teve de lidar com a escassez de milho, uma commodity importante na dieta animal. Mesmo assim, o Valor Bruto da Produção da Pecuária (VBP Pec), índice que mostra a riqueza que circula dentro das porteiras dessas propriedades, cresceu 3% no ano passado. Saiu de R$ 177,5 bilhões para R$ 183 bilhões em 2016.
Por isso, passado esse período de turbulências ocorridas em 2016, e superados os episódios de 2017, com a Operação Carne Fraca e as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, o cenário para 2018 parece mais amigável ao setor de proteína animal. A economia do País começa a mostrar que pode entrar em um ciclo de retomada, e com isso elevar o poder de compra de um consumidor ávido por carne bovina. Na outra ponta, lá fora há um ciclo mundial positivo para proteína animal, com uma indústria brasileira que rapidamente pode recuperar exportações perdidas. O mercado global de carne vai continuar a ter o Brasil como fiel fornecedor.
O fato é que a pecuária brasileira tem, hoje, a missão de abastecer parte do consumo global de proteína animal, liderando a produção de carne e as exportações mundiais. No caso da produção de leite, a tarefa não é menor para um setor que passa por profundas transformações, em busca de escala e de qualidade. O Brasil, que está entre os maiores produtores globais, com 33,6 bilhões de litros de leite, pode também ter uma cadeia mais forte internamente. E até exportar, se quiser.
Mercado comprador é o que não falta. Como o Japão, que no mês passado abriu as portas aos lácteos brasileiros. O país oriental, de 127 milhões de habitantes, e que ocupa o quarto lugar como maior importador do mundo, possui uma renda per capita, por paridade de poder de compra (PPP), de US$ 38,7 mil. Enquanto no Brasil, ela é de US$ 8,5 mil.
De carne bovina, o País exporta acima de 1 milhão de toneladas todos os anos, mas tem potencial para dobrar esse volume. O mesmo ocorre no consumo doméstico, com as cerca de 6,5 milhões de toneladas consumidas. A questão é que a pecuária do futuro é otimista e segue firme em vencer desafios impostos a toda a cadeia. Entre esses desafios está o uso da genômica para acelerar o melhoramento genético e a padronização da carne, não apenas aos mercados mais elitizados, mas para todo consumidor. O setor tem apostado em uma governança mais transparente. Por isso, o prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, com os DESTAQUES DA PECUÁRIA, quer mostrar alguns exemplos de produtores que estão ajudando o Brasil a ser melhor, elevando a régua da pecuária que busca o seu estado da arte.