17/05/2021 - 17:23
Passados sete anos desde o início da Operação Lava Jato, a postura das empresas em relação à corrupção “melhorou muito”, disse o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Valdir Coscodai. O trabalho de auditoria acompanhou a evolução, apesar da complexidade dos casos, continuou o presidente da entidade. “A grande dificuldade é que, no meio de uma investigação, a empresa tem que publicar demonstrações financeiras”, disse Coscodai.
Segundo um levantamento do especialista em governança Renato Chaves, ex-diretor da Previ, cinco das principais companhias abertas do País (CCR, Braskem, Ecorovias, JBS e Hypera) publicaram suas demonstrações financeiras de 2020 com alguma observação, por parte dos auditores, relacionada a casos de corrupção, como mostrou a Coluna do Broadcast há dez dias.
Para Chaves, a discrepância no uso de diferentes tipos de observação seria sinal de falta padrão nas auditorias independentes.
O presidente do Ibracon não vê falta de padrão das auditorias ao tratar do tema. Segundo ele, há parâmetros mínimos. Eles passam pela exigência de que pessoas suspeitas em investigações sejam afastadas da administração, pela necessidade de que pagamentos comprovadamente indevidos sejam baixados do ativo nos balanços financeiros e que as auditorias recebam toda a informação necessária para analisar as demonstrações de resultados.
Além disso, Coscodai destaca a complexidade do trabalho. Muitas vezes, as informações sobre fraude ou corrupção surgem aos poucos, ao longo das investigações. Em alguns casos, investigações internas não bastam e o caso muda de figura quando há apuração externa. Em outros, as informações repassadas aos auditores são insuficientes. Assim, duas empresas com casos semelhantes podem ter observações distintas nos balanços, se, eventualmente, uma delas repassar menos informações aos auditores.
“Não é o caso de pegar leve num caso ou pegar do jeito que deveria no outro, mas a auditoria depende das circunstâncias”, disse Coscodai.