A mesa de Ribamar Oliveira, o Riba, ficava no fundo da redação do Valor, em Brasília. Riba tinha uma visão privilegiada dali. Via toda a movimentação dos colegas, contava piadas em voz alta, ria e fazia rir. Muitas vezes, no entanto, ele parecia não estar ali. Ten do passado por muitas e grandes publicações do País – entre elas o Estadão, onde venceu um Prêmio Esso de Economia em 1997 – Riba entrava num mundo só dele. Com as mãos sobre a cabeça e os cotovelos sobre a mesa, metia os olhos sobre tabelas e textos indecifráveis sobre contas públicas. Passava horas assim, até que, de repente, saltava da cadeira e partia para a chefia de redação. Travava horas de conversa e, no dia seguinte, estava lá, na capa do jornal, uma manchete que agitava o mercado, o mundo político e mexia com a vida de cada cidadão.

Essa é a imagem que ele deixa, depois de quase 50 dias de luta contra a covid, até que a doença o vencesse ontem, em Brasília. Em alguns dias, ele acordava melhor. Em outros, algo se agravava. Na semana passada, aos 53 anos, chegou a apresentar um quadro melhor, mas ao final não resistiu..

Riba era inteligência rara, alegria e generosidade. “Seu exemplo de ética, profissionalismo, de dedicação ao jornalismo e de amor à família nos enchem de orgulho e nos guiarão a partir de agora”, escreveu sua mulher, Lilia, em mensagem nas redes. Riba deixa também os filhos Julia, Valentina e Ricardo. Nos últimos anos, além de se dedicar ao jornalismo, Riba dividia o tempo que tinha com uma chácara em Pirenópolis.

Ele era conhecido “pelo alto nível técnico, seriedade na apuração, ética e dedicação à cobertura econômica”, diz sobre ele nota do Ministério da Economia. “Em nome do Congresso, do presidente Rodrigo Pacheco, em meu nome, quero registrar o pesar e minha solidariedade”, afirmou Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara .

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.