05/06/2018 - 12:14
A meta da cooperativa Coopavel, de Cascavel (PR), é bem clara: dobrar o faturamento do processamento de grãos, rações e fertilizantes, além do beneficiamento de cortes de aves e suínos para cerca de R$ 4,2 bilhões. No ano passado, a cooperativa faturou R$ 2,1 bilhões. “Vamos atingir esse plano investindo em produtos de valor agregado”, afirma o seu diretor-presidente, Dilvo Grolli. “Este ano o foco está na produção de suínos.” O investimento deve dobrar a capacidade de abate da cooperativa, para três mil suínos por dia.
Reunindo 5,1 mil produtores, a Coopavel faz parte das agroindústrias do País que planejam sair na frente na corrida por melhorias e inovações no processamento e na produção sustentável de alimentos,sendo o crédito rural o grande impulsionador desses investimentos. Na safra passada, segundo o Banco Central do Brasil, o cooperativismo captou R$ 17,9 bilhões em financiamento, que correspondeu à 11,8% do volume destinado ao crédito rural no País e a tendência é crescer cada vez mais. A Coopavel, por exemplo, teve um salto de 32,7% no volume de financiamentos, chegando a R$ 563,2 milhões em 2017. “Estamos nos preparando para atender a demanda de mercado”, diz Grolli. “É estratégico que façamos as melhorias na área industrial”.
A preocupação de Grolli não é por acaso. Apesar do Paraná ser o segundo maior produtor de carne suína do País, está muito atrás de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul nas exportações. No ano passado, os embarques dos dois Estados foram de 276,5 mil toneladas e 200,4 mil toneladas, respectivamente. Já o Paraná exportou 96,8 mil toneladas de carne suína. “Isso significa que temos oportunidade clara de negócios para acessarmos novos mercados, com a perspectiva de liberação de mais destinos de exportação da carne suína”, avalia. Este ano os investimentos serão destinados a estruturar linhas de abate mais modernas, que vão dar o suporte ao crescimento esperado no processamento da carne. Foi parte desse recurso que impulsionou a tomada de crédito da Coopavel nas linhas destinadas ao financiamento da produção e industrialização, cujo limite oferecido às cooperativas é de R$ 800 milhões, observando que para os projetos de integração, o limite é calculado considerando cada cooperado, podendo chegar até R$ 200 mil nas atividades de avicultura e até R$ 150 mil na suinocultura, com taxa de juros de até 8,5% ao ano. O volume de recursos captados pela cooperativa nessa linha saiu de R$ 66 milhões, em 2016, para R$ 174,6 milhões no ano passado, um crescimento de 164,4%.
No mais recente balanço feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a tomada de crédito pelo produtor está bem mais aquecida que na safra passada. De julho a fevereiro, foram liberados R$ 92,1 bilhões aos produtores. O
crescimento foi de 12,4% em comparação com o mesmo período no ano passado. Para o diretor de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério, Wilson Vaz de Araújo, esse crescimento traz muitos benefícios ao setor. “A retomada desses investimentos implica em ganhos de produtividade no curto e médio prazo”, diz.
“Estamos nos preparando para atender a demanda de mercado” Dilvo Grolli