14/11/2018 - 14:21
Quer um exemplo de investimento que pareceu bom, mas, no final, foi muito desastroso? Os juros baixos para a compra de caminhões, entre os anos 2009 e 2015. O governo federal subsidiou o mercado que a taxa caísse de cerca de 10% ao ano para 2,5% ao ano. “Até quem não pensava em ter um caminhão, passou a ter”, diz o agrônomo Fernando Pimentel, sócio-diretor da consultoria Agrosecurity, de Vinhedo (SP). “A moral da história: o frete não sobe porque a oferta de caminhões é enorme e tivemos a greve do setor. Isso porque todo mundo correu na mesma direção, desordenadamente.” O fato exemplifica o que é planejar prazos para os investimentos necessários, sobretudo em uma fazenda. “Essencialmente, o produtor não planeja, ele segue a onda. Se a taxa de juros for interessante, ele compra e ponto final”, afirma Pimentel. Mas, se o desejo é a alta rentabilidade no campo, em longo prazo, essa cultura precisa deixar de existir. Para isso, o produtor precisa fazer contas e cuidar do fluxo de caixa. E cada investimento tem o seu tempo certo. É isso que vai garantir a perenidade na atividade rural.
Em um ano-safra, ainda são poucos os fazendeiros que monitoram rotineiramente variáveis como os preços de vendas, o custo de produção e o que entra e sai de dinheiro. “Se extrapolarmos para duas ou mais safras futuras, esse monitoramento é praticamente zero”, diz Pimentel. No entanto, a gravidade do problema cai, dependendo o tamanho do investimento. A compra de uma máquina é até aceitável, mesmo quando não se precisa dela. O problema é a aquisição é de terra. “A operação em si já é cara”, diz Pimentel. “E certamente demandará outros investimentos que o produtor nem contabiliza.” Correção e adubação de solo, e máquinas e equipamentos novos para essa nova área, estão na lista de investimentos. “Nesse caso, não tem jeito. O produtor deve fazer contas.” Aplicativos de gestão são uma ótima opção para monitorar bem essas contas, que, em geral, podem estar no fluxo de pagamentos por mais de dez anos.