13/07/2021 - 13:00
“O Palestino”. Esse foi o codinome dado ao pivô da recente crise entre as Forças Armadas e o Congresso, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM). O senador e ex-governador do Amazonas foi monitorado pela ditadura militar e listado como subversivo, em relatórios do Serviço Nacional de Informações (SNI). Aziz militou no movimento estudantil e nas campanhas pelas Diretas Já e foi um dos responsáveis pela propaganda política do PCdoB.
O apelido “O Palestino” deriva das raízes familiares. O pai, Muhammad Abdel Aziz, era imigrante. A mãe, Delphina Rinaldi Abdel Aziz, brasileira. O senador nasceu em Garça (SP) e viveu parte da infância no Peru – por isso as citações durante sessões da CPI a expressões em espanhol comuns no país andino. Em entrevista à Rádio Eldorado nesta segunda-feira, 12, Aziz afirmou que ignorava os registros do SNI.
Na última quarta-feira, dia 7, o senador criticou na CPI oficiais militares suspeitos de envolvimento em atos de corrupção, os quais chamou de “lado podre” das Forças Armadas. Houve pronta reação dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Parte dos registros sobre o senador está em arquivos do antigo SNI, criado em 1964. Mas também há informações do Departamento de Inteligência e Secretaria de Assuntos Estratégicos, pós-1985. O código B2367373 identifica Aziz no cadastro de militantes do SNI. Em 1982, o SNI descobriu o voo em que o então estudante de Engenharia Civil viajaria para participar de um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Piracicaba (SP). Agentes secretos se infiltraram em reunião na Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade do Amazonas. O objetivo era fichar a delegação e as proposições que iriam para São Paulo.
Em 1983, agentes do SNI flagraram Aziz na sede do jornal Tribuna da Luta Operária, numa palestra do deputado estadual João Pedro Gonçalves da Costa (PMDB), que pregava a formação de um governo provisório. No mesmo ano, ele também aparece como um dos líderes que discursaram em protesto, na Praça da Matriz, em Manaus, contra o reajuste das tarifas de ônibus pela prefeitura.
Em 1986, Aziz surge fichado numa tabela que listava as “organizações de frente” – ligadas ao PCB e ao PCdoB – dedicadas à doutrinação ideológica socialista. O atual senador seria responsável pela impressão de material de propaganda para divulgação em Manaus e no interior do Amazonas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.