A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na quarta-feira, 25, projeto de lei que altera o nome da rua Doutor Sérgio Fleury, na Zona Oeste da capital, para Frei Tito. A mudança precisa da sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Sérgio Paranhos Fleury foi delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e símbolo do Esquadrão da Morte e da repressão política no País durante o regime militar. Fleury é apontado como um dos torturadores de Frei Tito, frade católico perseguido pela ditadura.

Um dos coautores do projeto, o vereador Antonio Donato (PT) afirmou que a mudança significa “reverenciar a vida e a democracia”. “São Paulo não comporta mais espaço para homenagens a ditaduras e a violadores dos direitos humanos. Esperamos que o prefeito Ricardo Nunes sancione o projeto”, afirma.

Além dele, são autores da medida o deputado federal e ex-vereador Orlando Silva (PCdoB-SP), os vereadores Alfredinho (PT), Arselino Tatto (PT), Toninho Vespoli (PSOL) e Juliana Cardoso (PT) e os ex-vereadores Jamil Murad (PCdoB) e Reis (PT).

Em 2010, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei que permite a alteração de nomes de ruas que homenageiam pessoas acusadas de violar direitos humanos.

Histórico

Além de ter comandado policiais do Dops, Fleury foi denunciado pelo procurador de Justiça Hélio Bicudo, que expôs relações entre a polícia e o crime organizado durante a ditadura militar, e apontado como comandante do Esquadrão da Morte – grupo de policiais que executava criminosos nos anos 1960 e 1970.

Em 2016, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação sobre a morte do fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, realizada por 43 homens, entre civis e militares, que tem como alvo a equipe comandada por Fleury no Dops.

Frei Tito foi uma das vítimas mais emblemáticas da tortura promovida pelo regime militar. Militante de movimentos de esquerda que combatiam a ditadura, foi detido em 1969 durante batida realizada pela Polícia de São Paulo contra religiosos dominicanos acusados de apoiarem Marighella. O frade foi vítima de tortura física e psicológica pela equipe de Fleury durante o período em que permaneceu preso. Depois, foi enviado ao exílio na França e se suicidou em 1974, aos 29 anos.