11/01/2022 - 19:36
As Melhores da Dinheiro Rural – 2021
FRIGORÍFICOS
Mesmo em um ano repleto de desafios, incluindo a pandemia, a alta do preço dos insumos e a suspensão da exportação de carne bovina brasileira para a China, o setor de proteína animal tem apresentado resultados recordes. A produção brasileira de carne suína, por exemplo, deve alcançar 4,7 milhões de toneladas, 6% acima do ano anterior, segundo projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A exportação de carne de frango também deve superar 4,5 milhões de toneladas vendidas ao exterior, 7,5% acima do total embarcado em 2020. Nesse cenário de pujança, a BRF tem se destacado ao equilibrar uma visão de longo prazo, focada em investimentos e em uma ambição de triplicar de tamanho nos próximos anos, a uma preocupação ambiental e uma capacidade de atender às demandas do consumidor. E, por isso, foi a vencedora na categoria frigoríficos do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO 2021.
Em 2021, a empresa acelerou os investimentos em infraestrutura. Em agosto, inaugurou a primeira fábrica dedicada à produção de salsichas. Localizada no município de Seropédica (RJ), a unidade tem capacidade inicial de 140 toneladas por dia — e pode chegar a 280 toneladas se houver demanda. Além disso, destinou R$ 292 milhões às unidades de Toledo, Ponta Grossa, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Carambeí e Paranaguá, no Paraná, e mais R$ 171 milhões para o Rio Grande do Sul. “Temos uma programação para praticamente todas as regiões em que temos produção”, afirmou o CEO da BRF, Lorival Luz. No total, estão previstos R$ 55 bilhões em investimentos em novas unidades produtivas e em ampliações.
Esse planejamento integra o programa Visão 2030, que estabelece as metas de crescimento para os próximos anos. O objetivo principal é chegar a R$ 100 bilhões em receita ao final desse período. Para isso, terá que triplicar de tamanho. Afinal, a empresa fechou o ano de 2020 com receita líquida de R$ 39,47 bilhões, crescimento de 18% em relação aos R$ 34,44 bilhões registrados em 2019. O movimento faz parte de um processo de reestruturação que foi concluído agora. “Os últimos anos foram um período de turnaround, de estabilização da gestão. Adotamos uma série de estratégias para reduzir a alavancagem de seis para três vezes”, disse Luz. “Tivemos sucesso. Feito isso, era hora de virar uma página e dar início a um plano de crescimento”, afirmou.
Parte da estratégia está em investir em setores de alta demanda do público consumidor, com produtos de maior valor agregado. Em uma das frentes, a BRF quer reforçar o portfólio de alimentos prontos e semiprontos, que já respondem por 50% da receita. A meta é atingir 70%. “Olhamos muito para as mudanças nos hábitos de consumo das pessoas e para o estilo de vida. Se elas não têm tempo para cozinhar, não precisam deixar de ter a experiência de comer uma comida gostosa”, disse Luz.
Foi essa mesma lógica que levou o frigorífico a realizar um investimento de US$ 2,5 milhões na startup israelense Aleph Farms, responsável por uma tecnologia de produção de carne em laboratório. O objetivo é trazer a técnica para cá em breve para atender novas demandas de antigos consumidores e para atrair até mesmo quem nunca havia experimentado um produto do grupo, por alguma restrição alimentar.
Além de ampliar as linhas de refeições premium, a BRF inaugurou sua primeira loja conceito Mercato Sadia, em São Paulo, no final do ano passado, e quer chegar a dez unidades da rede nos próximos meses. Além disso fechou uma parceria com o Magalu para fazer delivery de produtos em até um dia útil em São Paulo, com uma oferta inicial de 100 itens. Outra frente é o segmento de rações para pets. A empresa fez duas aquisições que somam cerca de R$ 1 bilhão. Primeiro, comprou a Hercosul. Em seguida, a Mogiana Alimentos. Com isso, saltou de uma participação tímida para uma fatia de cerca de 10% do segmento de rações. O desempenho do setor mostra o quanto ele é promissor: em 2020, o mercado pet movimentou mais de R$ 40 bilhões.
A busca pelo crescimento é balanceada com preocupação ambiental. O programa Visão 2030 determina investimento de R$ 400 milhões em ações em comunidades onde a BRF tem operações, além de outras iniciativas de ESG (sociais, ambientais e de governança). Entre elas está a garantia de rastreabilidade de 100% dos grãos dos biomas da Amazônia e do Cerrado até 2025, a redução de 13% no consumo de água, o uso de energia limpa e a adoção de embalagens 100% recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis.