Apesar dos sinais positivos nos números de desemprego divulgados nesta quinta-feira, 31, pelo IBGE, economistas fazem ressalvas aos indicadores. “Se olharmos a foto atual ante a foto de um ano atrás, existe uma melhora, com a redução da população desocupada e o aumento da população ocupada, mas é claro que ainda tem muita gente sem renda”, afirma o economista sênior do Banco MUFG Brasil, Maurício Nakahodo. “Tivemos alguma evolução, mas o mercado de trabalho ainda está muito fraco.”

De acordo com Nakahodo, o caminho até uma taxa de desemprego de um dígito ainda é longo. “Com mais confiança, estamos falando de um desemprego médio abaixo dos dois dígitos em 2024. Em 2023, em um cenário favorável, haveria espaço, mas tem muita gente fora do mercado de trabalho que vai entrar, e acaba limitando essa queda. O ritmo de geração de empregos talvez não acompanhe essa demanda.”

O economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, foi na mesma linha de análise e disse em nota que ainda vê a taxa de desocupação no patamar de dois dígitos neste ano e no próximo. “Projetamos que a taxa de desemprego brasileira atingirá 11,0% no final de 2022 e 10,4% no final de 2023, na série com ajuste sazonal. No que diz respeito à taxa média anual de desemprego, estimamos 11,5%, em 2022, e 10,8% em 2023.”

Em seu relatório, o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos, manifesta opinião semelhante. “Espera-se que o mercado de trabalho continue fraco por algum tempo. O desemprego provavelmente vai continuar em dois dígitos por um longo período, enquanto o ainda grande número de trabalhadores desalentados (que deixaram de procurar ocupação por falta de esperança) começa a procurar empregos e retornar à força de trabalho ativa.”

Conta própria

Segundo a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, ao longo de 2021 parte significativa da recuperação foi baseada no trabalho por conta própria, que costuma representar um tipo de ocupação com rendimento menor. Agora, de acordo com ela, verifica-se queda na ocupação por conta própria em diversas atividades, como comércio, indústria, construção, alimentação e alojamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.