Trecho do discurso do vereador Francisco Hernandes (PSD) de Beberibe, cidade a 244 km de Fortaleza, está chamando atenção nas redes sociais. Na Sessão Ordinária de 14 de abril, véspera do feriado de Páscoa, o político levou uma sandália azul para a tribuna e afirmou que a prefeita do município, Michele Queiroz (PL), merece apanhar. No vídeo, Francisco Hernandes incentiva a população a agredi-la assim que for possível.

“Vou lhe lembrar aqui que quando as pessoas mentiam para os pais, os pais corrigiam; pegavam uma chinela e dava na bunda, prefeita. Isso aqui [batendo o objeto na mão] é para gente mentirosa. Você vai ter que levar umas palmadas da população”, indicou. Em seguida, reforçou que a líder municipal “vai ter que apanhar pra aprender”. “A população vai pegar a chinela e [dará] chibata nela”, prosseguiu.

A fala foi uma tentativa de contradizer uma postagem de Michele Queiroz em que teria anunciado a liberação de 100 cisternas para o município. Segundo Hernandes, essa foi uma conquista do deputado federal Moses Rodrigues (União). “Da senhora só veio cestas básicas”, disse o vereador.

Em nota, a prefeitura de Beberibe repudiou o discurso e apontou ser inadmissível o comportamento apresentado. “Clara demonstração de estímulo a violência, incita a população a agredir a prefeita Michele Queiroz. Para isso, utiliza uma chinela azul (cor reforçada durante o discurso com uma nítida conotação de machismo) e pede para que a população faça o mesmo tão logo tenha a oportunidade de encontrar a gestora”, destacou.

“A prefeitura de Beberibe pede para que as autoridades competentes investiguem e punam a ação do vereador Hernandes (PSD). É lamentável que alguém eleito para representar o povo tome uma atitude tão baixa e grave. Sempre estaremos vigilantes contra atos que violem a dignidade e ponham em risco a integridade física e a própria vida”, prosseguiu. Após o ataque, o texto também foi compartilhado pela própria gestora municipal em suas redes sociais.

COM A PALAVRA, O VEREADOR FRANCISCO HERNANDES

A reportagem do Estadão tentou contato com o vereador Francisco Hernandes por ligação e WhatsApp, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.