A defensora pública aposentada, Cláudia Alvarim Barrozo, que chamou os entregadores Jonathas Souza Mendonça e Eduardo Peçanha Marques de ‘macaco’ faltou ao depoimento nesta quinta-feira, 5. As imagens, registradas por uma das vítimas, repercutiram nas redes sociais. Ela já foi alvo de, pelo menos, outras seis reclamações na Polícia – sendo quatro por injúria racial.

O caso aconteceu em um condomínio de luxo em Itaipu, distrito de Niterói, Rio de Janeiro, no último sábado, 30, durante uma entrega. Segundo Joab Gama de Souza, advogado responsável pela defesa dos trabalhadores, tudo teve início quando a aposentada de 59 anos pediu que eles retirassem o veículo da porta da casa dela para que pudesse sair com seu próprio carro. O motorista tinha deixado o veículo para fazer outra entrega, e o colega informou que não poderia realizar a manobra porque não tem carteira de motorista. A ocorrência foi registrada na 81ª DP como “injúria por preconceito”.

Ela começou a se exaltar, chamando os dois de ‘babaca’. Uma série de xingamentos e tacou objetos. Quando o motorista chegou, ela passou se referir aos como ‘palhaço’, ‘otário’, ‘macaco’. Eles não a ofenderam em momento algum”, explicou Souza ao Estadão.

Aposentada pela Defensoria Pública do Rio desde 2016, Cláudia não compareceu à delegacia para prestar depoimentos, alegando ter outros compromissos e pediu para falar somente na próxima semana. Ela já tem seis passagens pela polícia – sendo quatro por injúria. As outras duas são por lesão corporal e constrangimento.

“Como ela é acusada, o delegado solicitou que fosse ouvida, mas não tem obrigação legal de ir e fazer provas contra ela própria. Provavelmente, está usando seu posto de defensora pública como manobra. Inclusive, é um absurdo pensar que ela é defensora, já que a defensoria tem por objetivo a defesa dos necessitados. Ainda mais quando se trata de uma questão racial”, prosseguiu o advogado.

Após o episódio, Souza relatou que tanto Jonathas quanto Eduardo se assustaram com a proporção que a história tomou, mas que estão ‘buscando seguir a vida’. “Continuam trabalhando normalmente e esperam que isso sirva para que outras pessoas não passam mais pela mesma situação.”

A pena para o crime de injúria racial varia de um a três anos de prisão, conforme informações do delegado Carlos César Santos que investiga o caso.

COM A PALAVRA, CLÁUDIA ALVARIM BARROZO

A reportagem tenta contato com Cláudia Alvarim Barrozo. O espaço segue aberto para atualizações. Email: junior.bordalo@estadão.com

COM A PALAVRA, A DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO

A Defensoria Pública do Rio reforçou que ela não integra mais o time de funcionários desde 2016. O órgão reiterou ainda “que é absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação e tem na Coordenadoria de Promoção da Equidade Racial (Coopera) e no Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora) ferramentas capazes de colaborar para a valorização de ações afirmativas”.