A senadora Simone Tebet (MDB-MS) assumiu a articulação no Rio Grande do Sul para tentar superar o impasse com o PSDB e, assim, selar o apoio à sua pré-candidatura à Presidência. A parlamentar foi confirmada o nome da chamada terceira via pelo MDB e Cidadania, mas ainda aguarda uma definição dos tucanos.

Na semana passada, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse ao Estadão que um acordo com o MDB só seria possível caso a legenda apoiasse tucanos em três Estados – Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Segundo aliados de Araújo, ele teria cedido e aceitado como contrapartida somente o apoio a Eduardo Leite (RS).

O ex-governador gaúcho agora é pressionado por aliados a se lançar candidato novamente ao Palácio Piratini – ele deixou o posto para articular uma candidatura à Presidência, que não prosperou. Para o PSDB, a permanência no governo local se tornou fundamental na tentativa de manter relevância nacional.

IMPORTÂNCIA

A senadora desembarca amanhã em Porto Alegre para fazer o que aliados chamam de imersão, de dois dias, com a equipe do programa de governo, coordenado pelo ex-governador Germano Rigotto (MDB). A escolha pela capital gaúcha, disseram correligionários de Simone, é um sinal da senadora sobre da importância que o Rio Grande do Sul tem na estratégia para consolidar a pré-candidatura.

O Estado elegeu governadores do MDB em quatro das dez eleições estaduais que ocorreram desde a redemocratização. O diretório local tem 40 votos e representa o maior “colégio eleitoral” na convenção nacional do partido.

“O MDB é o maior partido no Rio Grande do Sul. Talvez seja o nosso diretório mais organizado e bem-sucedido no País. Portanto, sabe do seu peso nas decisões nacionais há muito tempo. Estou confiante de que vamos chegar a um consenso, ouvindo a todos sempre”, disse o deputado federal Baleia Rossi (SP), presidente nacional da legenda.

DIVISÃO

Apesar de apoiar em peso a pré-candidatura da senadora, o MDB gaúcho está rachado após o deputado estadual Gabriel Souza vencer o deputado federal Alceu Moreira nas prévias do partido para concorrer ao governo do Estado. O grupo de Souza defende que a sigla não pode abrir mão de ter candidato próprio.

Do lado dos tucanos, o impasse ampliou a pressão para que Leite se coloque como candidato. Segundo emedebistas gaúchos ouvidos pela reportagem, a entrada do ex-governador facilitaria o acordo com o MDB porque Souza é próximo do tucano e foi líder do governo na Assembleia Legislativa.

Simone vai chegar com uma proposta para fechar a aliança. Ela vai oferecer a vaga de vice para Souza na chapa de Leite, que teria ainda Ana Amélia (PSD) para o Senado. “Somos parceiros lá no Rio Grande do Sul, nada impede que sejamos de novo. Confio na capacidade de homens públicos emedebistas no Rio Grande do Sul de buscar alternativa melhor para esse projeto”, disse Simone ontem, durante sabatina do jornal Correio Braziliense.

Apesar da ofensiva de Simone, líderes locais do MDB estão céticos em fechar a articulação ainda nesta semana. A construção do consenso local pode levar mais tempo, mas a senadora tem um trunfo a seu favor. Simone é próxima de Souza, que chegou a defender o nome dela para presidir o MDB nacional. Por outro lado, ela enfrenta ainda impasses no PSDB. Procurado pelo Estadão, Araújo disse que os casos de Mato Grosso do Sul e Pernambuco ainda estão sendo “examinados”.

TERCEIRA VIA

Em todo o País, Simone e Rossi ampliaram o apoio dos diretórios estaduais ao nome da senadora para concorrer ao Palácio do Planalto e contabilizam 22 adesões. Apenas Alagoas, Ceará, Amazonas, Piauí e Rio Grande do Norte ainda resistem a chancelar uma candidatura própria ao Palácio do Planalto.

Do lado do PSDB, o grupo de Araújo avalia que a ala contrária ao apoio ao nome de Simone e que prega uma candidatura própria hoje reuniria menos de cinco dos 32 votos da executiva nacional – o partido tinha como pré-candidato o ex-governador de São Paulo João Doria, que desistiu na semana passada. Os tucanos ainda vão enfrentar um novo debate interno para escolher o vice na chapa presidencial. Os senadores Tasso Jereissati (CE) e Mara Gabrilli (SP) são os mais cotados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.