19/06/2022 - 8:00
Luis Felipe chega em uma estação de bicicletas para aluguel no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, e escolhe uma bike elétrica. “É melhor, pois ajuda na subida”, afirma o entregador de 22 anos, que começou há pouco tempo no ramo. Lá também aparece Henrique Purri de Mello, de 20 anos, que pega uma bicicleta convencional para ir ao trabalho. “Estou indo para o escritório, vou assim quase todos os dias. Estou utilizando cada vez mais”, afirma.
A capital paulista começa a observar uma retomada na expansão das bicicletas compartilhadas, serviço que atende quem quer trabalhar, quem está realizando pequenos deslocamentos e os interessados em atividades de lazer. É mais um reforço na chamada micromobilidade da cidade, que em breve deve voltar a contar também com o aluguel de patinetes. Com 700 km de ciclovias implementadas, a Prefeitura vem ampliando sua malha, pois percebeu que a demanda só aumenta.
A Tembici, maior serviço de compartilhamento de bicicletas da cidade, está começando a apostar em bikes elétricas. A primeira estação foi inaugurada neste mês. A intenção da empresa é aumentar em 10 mil bikes a frota atual, sendo 5 mil delas elétricas, chegando a um total de 30 mil veículos em todas as cidades atendidas pelo programa (São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília). Em São Paulo, atualmente são 2,6 mil bikes; 500 elétricas estão previstas.
“Após um primeiro período mais desafiador, no pico da pandemia, começamos a ver uma grande utilização da bicicleta, como modal seguro, recomendado inclusive pela OMS. Além disso, já estávamos observando, há um tempo, uma mudança gradual de comportamento, com uso mais intenso das bicicletas, realizado por uma parte dos usuários, abrangendo, além do deslocamento e lazer, também o delivery”, explica Mauricio Villar, co-fundador da Tembici.
Coordenador de Mobilidade Urbana no Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Calabria vê as iniciativas de micromobilidade com bons olhos, mas gostaria de maior empenho do poder público. “É interessante a volta da mobilidade elétrica, pois oferece mais uma opção de deslocamento para as pessoas, mas infelizmente ainda é um serviço excludente e muito caro. Também não é tratado pela Prefeitura como uma política municipal, pois atende apenas em regiões mais rentáveis. Assim fica sendo uma oportunidade perdida, pois a Prefeitura não explora como deveria”, lamenta.
A micromobilidade está na pauta das empresas e da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, mas no caso do retorno das patinetes por aluguel, o modelo será diferente das primeiras iniciativas, com mudanças significativas.
Agora, o modelo que será implantado exige estações fixas para a retirada e devolução do equipamento, ou seja, a pessoa não pode largar em qualquer lugar da cidade. Isso implica que, em um primeiro momento, a circulação das patinetes alugadas será restrita a alguns pontos específicos da cidade.
Renato Lobo, sócio da FlipOn, empresa de São Carlos, no interior paulista, que oferece tecnologia e serviços para mobilidade urbana, revela que as conversas já estão em andamento com a CET e Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito. “O negócio está andando, vai sair, mas ainda não conseguimos dizer quando.”
De acordo com Eduardo Musa, que comanda a Davinci, empresa que vende patinetes elétricos, o Brasil é um terreno fértil para a micromobilidade. “Com o aumento no preço da gasolina, muita gente está mudando a forma de se deslocar. O Brasil tem todas as características importantes como infraestrutura, geografia plana e clima bom, o que ajuda. Ainda existe uma cultura de bicicleta no País e tem interligação modal. Isso tudo deixa o deslocamento mais eficiente”, diz.
No momento a cidade de São Paulo tem 48 km de ciclovias e ciclofaixas em execução. Avenidas importantes como República do Líbano, Jacu Pêssego, Sena Madureira, Jaguaré e Gastão Vidigal, entre outras, estão com obras para a implantação do caminho para bicicletas e patinetes. O Plano de Metas da Prefeitura prevê 1.000 km no total até 2024.
“Temos notado que à medida que vamos ampliando a estrutura, o interesse pelo uso da bicicleta é significativo. Como meio de locomoção ou lazer”, explica Valtair Ferreira Valadão, superintendente de Planejamento e Projetos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). “São Paulo é a capital brasileira da bicicleta.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.