21/07/2022 - 21:04
Militantes do PT vaiaram o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, deputado Danilo Cabral, na noite desta quinta-feira, 21, em evento com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Recife. Um dia antes, em Serra Talhada e Garanhuns, o petista havia cobrado o cumprimento do acordo entre as legendas em todos os Estados.
Em Pernambuco, parte dos petistas queriam que Marília Arraes, hoje no Solidariedade, fosse a candidata da Frente Popular, que tem PT e PSB como maiores legendas. Marília teve o nome lembrado em coro por petistas no evento desta quinta-feira, em uma casa de shows. Ela lidera pesquisas.
“A gente não disputa Lula, ele vai ser presidente do Brasil. Danilo vai governar para quem vaiou, pra quem não vaiou”, disse o presidente do PSB em Pernambuco, Sileno Guedes ainda durante o evento. “E Lula vai governar para todos os brasileiros, chega de ódio, chega de raiva, já tem muita gente disseminando a raiva e a divisão. Deixa isso pro lado de lá, o momento aqui é de unidade, todos em torno de Lula, e vamos ganhar a eleição”.
Na noite desta quinta-feira, Lula encerrou sua passagem por Pernambuco realizando comício no Recife. Assim como fez em Serra Talhada e Garanhuns, reafirmou apoio oficial a Cabral e Teresa Leitão (PT), respectivos candidatos da Frente Popular ao Governo de Pernambuco e ao Senado.
A agenda no Recife começou pela manhã, com um evento de Lula junto a representantes da Cultura, no Teatro do Parque, equipamento cultural localizado na área central da capital pernambucana. Lá, não compareceram o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito da cidade, João Campos (PSB). Ambos foram vaiados nos eventos realizados no interior do Estado. Danilo Cabral estava presente, mas não discursou.
No Recife, quando o locutor do comício anunciou o nome de Danilo Cabral, as vaias começaram. Em tempo, um ato falho chamou atenção. Foi quando o presidente do PT-PE, Doriel Barros, anunciou Marília Arraes, ao invés de Teresa Leitão, como candidata da Frente Popular ao Senado. A pré-candidata oposicionista não perdeu tempo: aliados começaram a fazer circular nas redes sociais memes e recortes das vaias aos adversários.
Interior
Durante sua passagem pelo interior, Lula declarou ter candidato definido ao Governo de Pernambuco e reforçou o nome de Danilo Cabral na disputa. Mas, ao mesmo tempo, deixou a porta aberta para Marília Arraes. Tanto em Garanhuns como em Serra Talhada, durante os comícios desta quarta-feira, 20, disse separar relações pessoais e relações políticas, garantindo o cumprimento do acordo nacional entre o PT e o PSB. Além disso, o petista disse ter não ter viajado “para ser contra ninguém”.
O posicionamento já era esperado. De acordo com José Mário Wanderley, doutor em ciência política pela UFPE e professor da Unicap, a disputa pelo seu nome pode causar embaraços com aliados, mas é confortável para Lula.
“É a melhor situação possível, ter os dois pedindo voto para ele. O ex-presidente não crava o apoio nem a A nem a B. Ele apoia, diz que Marília é boa candidata, que Danilo é a continuidade de Eduardo. Então, no fundo, Lula quer sedimentar seu grande eleitorado no estado ao mesmo tempo em que obtém novos apoios a partir do uso das campanhas, de ambos os candidatos pedindo voto para ele. (…) Ninguém sabe o que ele vai fazer na campanha, mas ele não vai dar exclusividade. Ele quer que os eleitores de Marília também votem nele”, avalia.