16/08/2022 - 17:45
Os juros futuros fecharam a sessão perto dos ajustes anteriores, após percorrerem boa parte do dia em alta, em movimento de realização de lucros. Numa terça-feira de agenda e noticiário esvaziados, a correção das taxas perdeu força no começo da tarde, com a melhora do apetite ao risco que alimentou as bolsas e reduziu o ímpeto do dólar. O petróleo aprofundou as perdas, o que também favoreceu o fluxo vendedor no mercado de juros. Internamente, o destaque foi o grande leilão de NTN-B do Tesouro, com o maior lote em termos de risco para o mercado desde agosto de 2021.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,71%, estável ante o ajuste de segunda-feira, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou na mínima de 12,77%, de 12,80% na segunda. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,77%, de 11,647% na segunda, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,39% para 11,41%.
Como tem sido recorrente nos últimos dias, as taxas voltaram a testar uma realização de lucros na primeira etapa dos negócios, mas não conseguiram levar até o fim. Zeraram a alta no começo da tarde, diante do aumento da demanda por ativos de risco e na falta de um vetor mais forte para conduzir os negócios.
“Não tem fluxo de notícias nem algo mais relevante hoje nos mercados em geral. Lá fora, à tarde as bolsas melhoraram, índice VIX cedeu e o petróleo caindo é algo que também traz alívio por amenizar o problema da inflação”, disse Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset.
Nem mesmo a alta do dólar, que persistiu durante toda a sessão, conseguiu segurar as taxas em alta, até porque a curva dos Treasuries esteve bem comportada e os preços do petróleo voltaram a cair fortemente, fechando em baixa de cerca de 3%, com o avanço nas negociações do acordo nuclear entre Irã e União Europeia e à espera de dados sobre os estoques nos Estados Unidos. O comportamento da commodity traz boas perspectivas para queda na inflação de combustíveis, na medida em que os preços da Petrobras acompanham as cotações internacionais.
Com a queda recente dos preços da gasolina e do diesel, seguindo o movimento no mercado internacional do petróleo, o Banco Inter revisou a estimativa de IPCA para o ano de 7,5% para 6,5%. “Em geral, a acomodação das cotações de commodities deve contribuir para uma menor inflação de bens nos próximos meses”, afirma a economista-chefe Rafaela Vitória. Para 2023, porém, a projeção subiu de 4,4% para 4,7% devido à antecipação da redução dos preços dos combustíveis para 2022 e impacto ainda relevante da inflação de serviços.
O movimento de correção nos DIs pela manhã ocorreu ainda em meio ao leilão de NTN-B, com oferta de 2,750 milhões de papéis, vendida integralmente, com risco para o mercado (DV01) cerca de 180% superior às operações anteriores. Segundo a Renascença, o lote em PVBP foi de R$ 8,119 milhões, o maior desde 10/08/2021 (R$ 10,192 milhões).