12/09/2022 - 17:47
Os juros futuros fecharam em alta moderada nesta segunda-feira, em movimento que foi na contramão do câmbio e atribuído a uma recomposição de prêmios da curva, após o recuo das taxas na semana passada, estimulado principalmente pela expectativa com relação ao índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos, na terça-feira, que deve trazer núcleo pressionado. As taxas curtas fecharam em níveis acima do das longas, em dia de piora na mediana de IPCA para 2024 no Boletim Focus e a despeito do anúncio da redução do preço do gás de cozinha pela Petrobras.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou na máxima de 13,74%, de 13,72% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,92% para 12,99%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,72%, de 11,64%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou a 11,32%, de 11,28%.
Os juros operaram o dia todo na contramão dos demais segmentos. O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, afirma que a segunda-feira não trouxe “drivers” para o mercado e o desenho da curva nesta segunda-feira parecia ser mais um ajuste antes do CPI. “Tivemos queda importante na semana passada, principalmente nos longos, o que abre espaço para uma correção, e ainda o petróleo subindo”, comentou.
O tipo Brent fechou em alta de 1%, aos US$ 94 por barril. De um lado, a commodity vai deixando para trás a marca de US$ 90, mas de outro a fraqueza do dólar tem levado o barril novamente para perto de US$ 100. Os rendimentos dos Treasuries também subiram, com a taxa da T-Note de 10 anos em 3,351% e a de 2 anos, em 3,565%, perto das 17h, ante 3,32% e 3,56% no fim da tarde de sexta-feira.
O consenso das estimativas para o CPI na terça é de deflação marginal, -0,1%, no dado mensal de agosto, com a taxa anualizada a 8%. Porém, para o núcleo a expectativa é de que avance 0,3%, com a leitura anual chegando a 6,1%. Em julho, essas altas haviam sido de 0,3% e 5,9%, respectivamente.
No Podcast Diário Econômico, o economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso, afirma que confirmadas as previsões para o núcleo, o cenário de alta de 75 pontos-base para o juro pelo Federal Reserve em setembro, atingindo 3,25%, pode se consolidar.
No front doméstico, a Petrobras anunciou esta tarde queda de 4,7% no preço do gás de cozinha (GLP) a partir da terça, mas as taxas futuras não tiveram reação, na medida em que um cenário desinflacionário nos próximos meses parece estar precificado. Até porque também o alívio no IPCA este ano é residual, entre 0,03 e 0,04 ponto porcentual, nos cálculos dos analistas.
Depois do alerta dado por dirigentes do Banco Central (BC) no começo da semana passada, o mercado reforçou as preocupações com as expectativas de inflação de longo prazo. O avanço da mediana para 2024, de 3,43% para 3,47%, na pesquisa Focus gerou desconforto e foi apontado por operadores como um dos fatores a pesar nesta segunda sobre a curva, à medida que vai distanciando da meta de 3,00% para 2024.
Na última terça-feira, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, admitiu durante evento organizado pela Bradesco Asset que as expectativas para 2024 o incomodam, com desancoragem para o centro e que é inconsistente o mercado projetar uma inflação acima do centro da meta em 2024 e discutir queda de juros em 2023.