26/10/2022 - 12:41
O senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) criticou o dossiê preparado por João Vaccari Neto para municiar parlamentares petistas contra ele e o ex-procurador Deltan Dallagnol no Congresso Nacional, como revelado pela Coluna do Estadão. Segundo o ex-juiz, a elaboração do documento lembra “tirania” e “parece coisa de aloprado”.
“Esse dossiê parece coisa de aloprado. (…) Caso aconteça um governo do PT, espero que isso não ocorra, serei oposição, e vou esperar que haja jogo baixo, mas estou com absoluta tranquilidade em relação ao que foi feito no passado e à nossa capacidade de resistir a qualquer espécie de tirania”, afirmou o senador eleito, em entrevista à Jovem Pan.
Moro também disse “não ter ilusões” quanto à “prometida democracia petista”, repudiando o que chamou de “patrulhamento ideológico” que atribui à legenda. O ex-juiz se aliou novamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial.
O senador eleito disse ainda que, a despeito de apoiar a reeleição do chefe do Executivo, terá atuação “independente” no Congresso e não dependerá de assentimento do governo para votar nas pautas que julga corretas. “Não estou indo ao Senado como funcionário do Bolsonaro”, afirmou.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto trabalha na produção de um dossiê sobre a Lava Jato para servir de “munição” contra Moro e Dallagnol, que assumem cargos no Congresso em 2023. Tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2014, Vaccari foi condenado e preso no âmbito da Lava Jato.
‘Escândalo dos aloprados’
Em 2006, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “um bando de aloprados” os petistas que tentaram comprar um dossiê para prejudicar o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB). A suspeita, que culminou na prisão em flagrante de seis integrantes do PT, era de que assessores do então adversário do tucano à sucessão paulista, Aloizio Mercadante, teriam tentado comprar um dossiê contendo acusações falsas contra Serra e Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice-presidente na chapa de Lula, e que à época disputava a Presidência contra o petista.