04/01/2020 - 12:10
O Brasil tem 139,3 milhões de pets (Instituto Brasil Pet/IBGE) e muita gente querendo morder uma fatia do mercado construído em torno dessa população gigante. Na área de tecnologia, há centenas de aplicativos. Há plataformas de primeiros socorros, de monitoramento à distância, de busca de anfitriões, sem contar a de relacionamentos, espécie de Tinder para cachorros (obviamente, de usuários interessados em achar parceiros para seus dogs). Essa densidade compacta não impediu que dois ex-executivos do setor de telecom e uma veterinária investissem R$ 1,2 milhão na criação de mais uma startup, acreditando se tratar da “primeira rede social para pets” – o app Arknoah. O aplicativo vem sendo desenvolvido há dois anos, em parceria com o estúdio EspressoLabs, e conta com a chinesa Hwauei no suporte de telecom.
A aposta é ambiciosa. “Pretendemos chegar a 1 milhão de usuários em 30 meses”, diz o CEO Carlos Cipriano, com passagem pela diretoria de três grandes operadoras. A ideia do app é dele. A oportunidade de um negócio escalável em pouco tempo seduziu os sócios Josué Freitas, COO, e a veterinária Mônica Lopes, responsável pela parte técnica. Cada um aportou R$ 400 mil no projeto, que Carlos diz ter potencialidade global. O plano de negócios prevê investimentos de US$ 2,5 milhões nos próximos dois anos, direcionados principalmente a TI.
O mercado pet brasileiro é bastante fértil. Movimentou R$ 20,3 bilhões no ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). “É o segundo mercado pet do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos”, garante Cipriano. A ideia inicial de capitalização é a venda de anúncios, mas há outros canais de receita sendo estruturados, como a parceria com instituições financeiras e a integração da base de dados do Arknoah com fornecedores de serviços e produtos.
Cipriano garante que o eventual pioneirismo se deve a dificuldades no campo tecnológico. “Dá trabalho construir uma rede social: o software é muito complexo”, diz. O benchmark, claro, é o Facebook e Instagram. A diferença, afirma, é que o Arknoah “tem uma cara”, a veterinária Mônica, que aparece em vídeos dando dicas sobre cuidado animal. “Você pode fazer tudo o que faz um uma rede social convencional: postar foto, curtir, seguir, comentar, mandar mensagem, com o adicional do conteúdo que estamos produzindo.” Além das dicas de Mônica, outros conteúdos, como generalidades do mundo pet e entretenimento leve, serão veiculados por meio de quatro mascotes fictícios.
O tutor pode se inscrever com um perfil humano e outro animal. Dentro da rede, terá oportunidade de se conectar com outras pessoas (ARKlovers), com empresas (ARKbests) e ONGs (ARKangels). Como era de se esperar, 80% da presença animal, logo após o lançamento, eram de cães. Gatos vêm em seguida, mas já há “usuários” ave, peixe, cavalo e coelho.
A fase 2, prevista para começar este ano, contempla serviços de localização, prontuário (registros da vida clínica dos pets, como Raio X, vacina etc.) e opções de pagamento. Na fase 3, o Arknoah disponibilizará o agendamento de consultas, além de um recurso de reconhecimento “facial”, com software chinês – como se sabe, o focinho é a impressão digital de cães, os pets preferidos dos brasileiros.