O Colégio Porto Seguro, da unidade de Valinhos (SP), anunciou, nesta sexta-feira, 4, a expulsão dos estudantes acusados de cometer racismo e proferir ameaças de morte contra um colega negro, de 15 anos. O caso aconteceu no último domingo, 30, logo após o resultado das eleições presidenciais.

A informação do desligamento foi divulgada nas redes sociais da própria instituição, que já havia suspendido os envolvidos por conta do episódio. A escola não informa a quantidade de desligados, mas a mãe da vítima, em publicação nas redes sociais, cita que foram oito adolescentes expulsos.

“Reforçamos nosso repúdio veemente a toda e qualquer forma de discriminação e preconceito, os quais afetam diretamente nossos valores fundamentais. Nesse sentido, o Colégio aplicou aos alunos envolvidos as sanções disciplinares cabíveis nos termos do Regimento Escolar, inclusive a penalidade máxima prevista, que implica seu desligamento imediato desta instituição”, declarou a escola por meio de nota, sem informar a quantidade de estudantes expulsos.

Após a expulsão, a mãe do adolescente, a advogada Thais Cremasco, agradeceu o apoio recebido ao longo da semana e afirmou que os crimes cometidos pelos estudantes não feriram apenas os seus filhos, que são negros, “mas toda a humanidade”. “A luta continua. O racismo, a homofobia, a violência e o discurso do ódio não acabam aqui. Essa primeira batalha foi vencida”, disse ela.

No domingo, 30, confirmada a vitória do então candidato Lula, do PT, jovens do colégio Porto Seguro criaram um grupo no WhatsApp chamado “Fundação Anti Petismo”. No grupo, que chegou a ter 30 membros, os estudantes compartilharam mensagens de ódio contra os petistas, negros, nordestinos, mulheres, além de “stickers” fazendo apologia ao nazismo e cultuando a figura de Adolf Hitler.

Um dos integrantes chegou a defender uma “Fundação Pró Reescravização do Nordeste” enquanto marcavam uma manifestação que aconteceu presencialmente no colégio na segunda-feira, 31.

A vítima, que também havia sido adicionada no grupo, criticou o teor das mensagens. Ele chamou os demais integrantes de “neonazistas do Porto” e disse que denunciaria o grupo. Por conta disso, ele foi expulso do grupo e, em seguida, sofreu um ataque racista de um dos estudantes em conversa privada. “Espero que você morra fdp negro”, dizia a mensagem.

O adolescente tirou fotos da conversa e das ameaças e registrou um boletim de ocorrência ao lado de sua mãe no dia seguinte. A denúncia e as provas (prints dos grupos e de posts no Instagram e no Twitter) foram enviadas ao Ministério Público.