12/12/2022 - 5:00
A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também em segmentos ligados à educação. Eles têm retornado para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.
O retorno dos profissionais das startups para companhias da “velha economia” é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche de demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.
Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimento abandonaram negócios considerados mais arriscados, incluindo as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.
Hoje, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que inicialmente trocaram empresas tradicionais pelas startups e, agora, estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.
Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.
DEMANDA EM ALTA. Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.
Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram”, ressalta o especialista. Embora não tenha números específicos sobre essa tendência, ele também confirma que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.