O resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 55,668 bilhões em 2022, informou nesta quinta-feira, 26, o Banco Central. Este é pior desempenho desde 2019, quando o rombo nas contas externas foi de US$ 68,022 bilhões.

O dado representa 2,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior déficit em proporção do PIB desde outubro de 2022, quando ficou em 3,24%.

O resultado negativo de 2022 foi maior que o esperado pelo mercado, ficando fora do intervalo de estimativas no levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que indicava déficit de US$ 53,00 bilhões a US$ 47,500 bilhões. A mediana era negativa em US$ 51,120 bilhões.

A estimativa do próprio BC era de déficit de US$ 60 bilhões na conta corrente em 2022. A projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 44,389 bilhões em 2022, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 39,994 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 63,866 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 58,439 bilhões.

Dezembro

O resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 10,878 bilhões em dezembro. Este é pior desempenho para o último mês do ano desde o início da série do Banco Central, em 1995.

O número de dezembro ficou mais negativo do que o piso do levantamento apurado pelo Projeções Broadcast, de déficit de US$ 8,700 bilhões. A mediana era negativa em US$ 6,60 bilhões e o teto deficitário em US$4,800 bilhões.

Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 3,154 bilhões em dezembro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 4,593 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 9,669 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 10,742 bilhões.

Lucros e dividendos

A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 6,662 bilhões em dezembro, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 5,284 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês de 2021, já descontadas as entradas.

No acumulado de 2022, houve saída líquida de recursos, via remessa de lucros e dividendos, de US$ 44,731 bilhões, também superior ao déficit de US$ 38,442 bilhões do ano anterior.

O BC informou ainda que as despesas líquidas com juros externos somaram US$ 3,016 bilhões em dezembro, ante US$ 2,422 bilhões em igual mês de 2021. No total do ano passado, essas despesas alcançaram US$ 19,236 bilhões, ante US$ 20,629 bilhões do ano anterior.

Viagens internacionais

A conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 575 milhões em dezembro, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em dezembro de 2021, o déficit nessa conta foi de US$ 413 milhões.

O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,046 bilhão. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 471 milhões no mês passado.

Em 2022, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 7,233 bilhões, com US$ 12,185 bilhões em despesas e US$ 4,952 bilhões em receitas. Em 2021, o déficit nessa conta havia sido de US$ 2,302 bilhões, com US$ 5,250 bilhões em saídas e US$ 2,947 bilhões em entradas.