Um dos líderes político da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os governadores e aliado de Jair Bolsonaro, o chefe do Executivo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), assumiu há um mês um novo mandato afirmando que “a maior diferença entre a atual e sua antiga gestão” seria o apoio de mais de 50 dos 77 deputados estaduais que tomam posse na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 1º. Zema, entretanto, deve sofrer hoje sua primeira derrota na Casa.

O governador tentou emplacar a candidatura de seu ex-líder na Assembleia para comandar a Mesa Diretora, Roberto Andrade (Patriota). A escolha, porém, não agradou à maioria dos parlamentares, e os dez deputados estaduais petistas se uniram aos 12 parlamentares bolsonaristas, do PL, para apoiar outro nome, sem vínculos com o Palácio Tiradentes: Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho.

Assim, não restou uma alternativa ao governador, que procurou Tadeuzinho na semana passada em busca de diálogo. Após a reunião, acabou por acatar a composição negociada à sua revelia. Os deputados tomam posse às 14 horas e na sequência devem aprovar a Mesa presidida por Tadeuzinho, com a deputada Leninha (PT) como vice-presidente e Antônio Carlos Arantes (PL) no cargo de primeiro secretário.

O presidente da Assembleia é responsável pela definição da pauta de votações. Zema começa seu segundo mandato com dezenas de propostas de sua autoria paradas. Desde 2019, quando teve início sua primeira gestão, protocolou 25 projetos de lei, três projetos de lei complementar e duas propostas de emenda à Constituição de Minas Gerais que nem sequer chegaram a ser apreciadas em plenário.

Relação tumultuada

Ao longo de seu primeiro mandato, Zema colecionou diversos embates públicos com os deputados estaduais e vários projetos do político do Novo, considerados estratégicos em sua gestão, como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), para refinanciar a dívida de R$ 150 bilhões de Minas com a União, não avançaram.

Propostas prioritárias, a exemplo da autorização para a privatização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que tramita desde 2019, não andaram na Assembleia. Outras, a exemplo da também privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), sequer tiveram a proposta encaminhada para a Assembleia.

A reportagem do Estadão entrou em contato com as assessorias do deputado estadual Tadeuzinho e do governador Zema, mas, até a publicação deste texto, não houve resposta.

Cenário nacional

Agora fortalecido politicamente pela reeleição, o mandatário tem se destacado na oposição nacional ao governo federal, com movimentos e discursos contra Lula, mas, como mostrou o Estadão, buscando se dissociar do bolsonarismo. Há duas semanas, Zema afirmou que o governo federal estava se “vitimizando” em relação à tentativa de golpe do 8 de Janeiro, o que lhe valeu um pedido de processo no STJ (Superior Tribunal de Justiça) feito por deputados do PT.

Já na última sexta-feira, 27, após discursar no encontro de Lula com os governadores, Zema abruptamente recolheu seus objetos, levantou-se da mesa e saiu da sala, sem pedir licença. Também não compareceu ao almoço oferecido pelo petista, com a presença de diversas autoridades dos três Poderes, além dos outros 26 governadores. Mais tarde, sua assessoria explicou o motivo pelo qual deixava Brasília: a participação na reabertura de uma biblioteca pública, em Belo Horizonte.