03/02/2023 - 21:49
O procurador-geral da República Augusto Aras recebeu nesta sexta-feira, 3, o senador Marcos Do Val (Podemos-ES). A reunião foi para falar sobre o suposto plano golpista que o parlamentar atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo e o subprocurador Carlos Frederico Santos, chefe do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, núcleo criado na PGR para coordenar as investigações sobre os atos de 8 de janeiro, também participaram do encontro.
Em nota, a PGR informou que foi o senador quem pediu a audiência. Marcos do Val será investigado, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter dado versões diferentes sobre o caso. A decisão que mandou abrir a investigação cita indícios dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.
A PGR disse, em comunicado, que vai se manifestar ‘no momento oportuno e seguindo os critérios legais e prazos processuais’.
“A Procuradoria-Geral da República aguarda que seja concedida vista do inquérito instaurado nesta sexta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para apurar as notícias objeto das declarações do parlamentar”, diz a nota.
As versões do senador colocam Moraes no centro da suposta tentativa de golpe, o que interlocutores do STF veem como uma tentativa de afastar Moraes de investigações estratégicas e sensíveis ao ex-presidente e a seus aliados.
Marcos do Val disse no depoimento que o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) teria proposto, em uma reunião na presença de Bolsonaro, uma gravação clandestina de Alexandre de Moraes na tentativa de induzir o ministro a falar ‘algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição’. O objetivo seria anular o resultado da eleição e prender Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O senador alegou ainda que se encontrou duas vezes com o ministro no STF para falar sobre o suposto plano golpista, uma antes do encontro com Bolsonaro, outra depois. O senador declarou que não recebeu nenhum pedido para formalizar a denúncia, o que o ministro rebateu.
Mais cedo, Moraes admitiu que esteve com Do Val em dezembro, mas só citou um encontro, após a suposta reunião dele com Bolsonaro. O ministro ainda destacou que cobrou do senador na ocasião que prestasse depoimento sobre o caso, mas ele teria se negado a colocar suas acusações ‘no papel’.
“Eu indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador disse que era isso uma questão de inteligência e que, infelizmente, não poderia confirmar. Eu levantei, (me) despedi do senador, agradeci a presença. Até porque o que não é oficial, para mim, não existe”, afirmou Moraes durante sua participação on-line no seminário organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Lisboa. O ministro definiu o episódio como ‘ridículo’ e uma tentativa de ‘operação Tabajara’.