A Braskem captou ontem US$ 1 bilhão em títulos de dívida (bonds) no exterior, na primeira emissão de uma empresa brasileira desde abril do ano passado. Com forte demanda pelos papéis, que superou US$ 6,1 bilhões, a oferta pode abrir caminho para que mais companhias acessem o mercado internacional, em um momento de bancos mais cautelosos no crédito, de acordo com analistas que acompanharam a operação.

Com a forte demanda, a Braskem conseguiu reduzir a taxa de juros paga aos investidores para 7,25%. Inicialmente, a sinalização era de uma taxa ao redor de 7,75%. A procura também estimulou o aumento da oferta, que foi a mercado como uma captação “benchmark”, normalmente de US$ 500 milhões. Os bonds vencem em 2033.

Parte dos recursos vai ser usada para o pagamento de dívidas. A Braskem tem US$ 300 milhões em bonds que vencem em fevereiro de 2024. As reuniões com investidores começaram na segunda-feira, e nos encontros já houve mostra do interesse pelo papel.

Até então, a última emissão externa de uma empresa brasileira ocorreu em abril do ano passado, quando a Aegea Saneamento emitiu US$ 500 milhões com juros de 7% em bonds com critérios sustentáveis. À época, a demanda dos investidores chegou a US$ 800 milhões.

Desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou que iria reduzir o ritmo de alta de juros nos Estados Unidos, por conta da perda de fôlego da inflação, e a China reabriu a economia, melhorando a perspectiva para a atividade das principais economias do mundo, os investidores se voltaram para as compras de papéis corporativos, de acordo com gestores. O mercado internacional começou 2023 com mais de US$ 60 bilhões de títulos de dívidas emitidos por empresas de países emergentes, mas não havia, até agora, ofertas de brasileiras.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.