As vendas de máquinas agrícolas em janeiro caíram 30% em relação ao mesmo mês em 2022, disse nesta terça-feira, 28, o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão. Essa é a primeira queda nas vendas do segmento desde 2016.

“Nos últimos seis anos vínhamos crescendo todos os anos, mas este ano vimos as vendas caírem”, disse Estevão, emendando que dois fatores contribuíram para a queda das vendas de máquinas agrícolas em janeiro. O primeiro é a elevada taxa de juros no mercado, que está rodando, em média, a 16,5% ao ano.

Segundo Estevão, o agricultor costuma tomar crédito pré-fixado para períodos de cinco a seis anos e não está querendo passar muito tempo pagando taxas altas de juros. O segundo problema, de acordo com ele, é que o Plano Safra, que confere aos produtores taxas de juros menores, se tornou pequeno diante das necessidades. “O Plano Safra foi lançado em julho do ano passado e em outubro já não tinha mais dinheiro”, disse Estevão.

Mais agravante ainda, de acordo com o executivo, é que o novo Plano Safra só ocorrerá em julho de 2023. Ou seja, haverá uma janela de seis meses sem investimentos em máquinas agrícolas. “Se não for feito nada, vamos perder todo o primeiro semestre”, disse o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq.

O agricultor, segundo Estevão, até está capitalizado, com dinheiro no bolso, mas não está disposto a usar capital próprio para fazer investimentos em máquinas agrícolas. “Tem um vácuo de política pública de novembro a julho. Por falta de políticas públicas para preencher este vácuo, o produtor está esperando o Plano Safra em julho”.

Ainda, segundo Estevão, não falta dinheiro para o agricultor. O BNDES, por exemplo, tem muito dinheiro em caixa para emprestar, mas a taxa elevada de juro leva o produtor a esperar para investir.