Os brasileiros consumiram 21,33 milhões de sacas de 60 kg de café entre novembro de 2021 e outubro de 2022, o que corresponde a uma queda de 1,01% em comparação com igual período anterior (21,54 milhões de sacas). A pesquisa é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), divulgada nesta quinta-feira, 2.

Conforme a associação, a queda do consumo no Brasil em 2022 (novembro de 2021 e outubro de 2022) pode ser creditada, em grande parte ao “impacto da inflação acumulado e à diminuição do poder aquisitivo da população”, apesar de a curva apresentar um leve tendência de crescimento no último trimestre do ano passado.

O estudo mostra que o consumo per capita de café torrado e moído caiu 1,6% entre novembro de 2021 e outubro de 2022, ante novembro de 2020 e outubro de 2021: de 4,84 kg por habitante/ano para 4,77 kg por habitante/ano.

As empresas associadas à Abic registraram uma queda de 1,70% no processamento do grão período, de 14,705 milhões de sacas para 14,454 milhões de sacas.

Conforme a pesquisa da Abic, o reajuste médio do quilo do café no País, em reais, no varejo (produto tradicional), no ano passado, foi de 35,4%. O aumento foi “consequência do repasse do aumento da matéria-prima que vem desde 2021”, informa a pesquisa. Já a matéria-prima (café, arábica, bebida dura, tipo 7) apresentou queda de 27,7%, em reais por saca. No entanto, em 2021, enquanto o reajuste do produto no varejo foi de 51,1%, a matéria-prima subiu 137%.

Em 2022, o consumo de todos os tipos de café nos canais de comercialização (varejo e no atacarejo) foi de 15,520 milhões de sacas. Em 2021 este volume foi de 15,458 milhões de sacas, representando um aumento de 0,4%.

Por categoria, as vendas de café Tradicional/Extraforte corresponderam a 89,3% (13,854 milhões de sacas), do total das vendas no varejo e atacarejo em 2022. O desempenho é 0,45% superior ao ano anterior, quando essa categoria representava 13,792 milhões de sacas.

Na demais categorias, a pesquisa mostra que o café Superior representou no ano passado 708,3 mil sacas, ante 562,5 mil sacas em 2021. Café em cápsula correspondia a 395,8 mil sacas no ano passado em comparação com 375 mil sacas em 2021, enquanto grão Gourmet/Especial representava 125 mil sacas em 2022 ante 104,2 mil sacas em 2021.

O faturamento do café Tradicional/Extraforte foi de 72% do total (R$ 22,008 bilhões), seguido do café em cápsulas que foi de 14,8% (R$ 4,533 bilhões) do total em 2022.

A Abic observa que monitora as vendas no varejo, por meio de cerca de 1 milhão de notas fiscais/mês, coletadas em check outs de todo o Brasil, com o sistema da Hórus.

Certificação

A Abic informa, ainda, que está reestruturando seus Programas de Certificação, “motivada pela Portaria SDA 570/2022, responsável por estabelecer o padrão oficial de classificação do café torrado, e que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2023”.

Entre as principais mudanças, a Abic destaca que os produtos que não atingirem os requisitos mínimos de qualidade, exigidos pela norma, poderão ser comercializados e deverão ser identificados, na embalagem, como “Fora de Tipo”, entretanto, estes produtos não receberão o Selo da Abic. “Somente produtos acima do nível mínimo de qualidade serão certificados pela Associação”.

Além disso, “a regulação dá espaço para a atuação de órgãos de defesa do consumidor, como Procons e o Ministério Público (MP), agirem contra denúncias de fraude no produto”, ressalta a Abic.

Para acompanhar as novidades do segmento, a Abic relata que passou a ser uma entidade credenciada pelo Ministério da Agricultura para realizar a classificação do café torrado e moído. “As novas mudanças nos Programas de Certificação vêm ao encontro do compromisso assumido há 50 anos pela Abic em prol de ações que visam a melhoria contínua do café, a defesa e o respeito ao consumidor e, ainda, pela segurança alimentar”, conclui a associação.
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