A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) avalia que a liberação para cultivo comercial de trigo geneticamente modificado (OGM) no País pode permitir expansão da área plantada com o cereal. “Teremos um trigo mais resistente à seca. Com isso, o produtor pode ganhar novas áreas de cultivo, o Brasil ampliar o volume colhido e, consequentemente, em dois a quatro anos o País poderá ser autossuficiente na produção do cereal e aumentar suas exportações, se tivermos boas safras”, disse o presidente executivo da Abimapi, Claudio Zanão, ao Broadcast Agro.

Ontem, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o plantio comercial e a comercialização no Brasil de trigo geneticamente modificado. Até então, estava autorizado, desde novembro de 2021, somente a comercialização e importação da farinha proveniente do trigo transgênico no País. Com a decisão, a CTNbio considera que o cereal transgênico não apresenta risco à saúde humana ou ambiental. A variedade HB4 apresenta maior tolerância a estresse ambiental, especialmente em regiões com restrição hídrica, caso do Cerrado brasileiro. A Embrapa já realiza de forma experimental testes com o cereal transgênico no Distrito Federal, sendo que os primeiros resultados de adaptabilidade e produtividade devem ser conhecidos em meados de julho e agosto deste ano, quando as plantas serão colhidas.

Para a indústria de massas, biscoitos e pães, segundo Zanão, a autorização para importação e uso do trigo OGM representa a abertura de novas possibilidades para abastecimento, já que não há diferenças significativas visuais e de sabor entre o cereal convencional e o com transgenia. “Ainda não tenho notícias de entrada de farinha de cereal HB4 no Brasil, mas moinhos que tiverem interesse agora podem moer o cereal. Será questão de tempo e conjuntura de mercado. Neste ano, estamos celebrando o recorde na produção nacional de trigo”, afirmou.

Ele lembra que inicialmente a indústria de derivados de trigo era contrária ao aval para o uso do cereal transgênico e à farinha proveniente dele no País, por ser inédito no mundo, mas reviu sua posição ao constatar que três quartos dos consumidores aprovariam o trigo geneticamente modificado sem restrições. Zanão também não vê mais riscos às exportações dos derivados de trigo brasileiro por conter cereal com transgenia. “Sabemos que não apresenta nenhum tipo de problema à saúde humana, já que temos soja e milho transgênicos há décadas e nunca houve problema de insegurança alimentar. O trigo tem seguido o mesmo caminho e não vejo problemas em exportar produtos fabricados com farinha de trigo transgênico. Até o momento, não tivemos nenhum problema neste sentido”, acrescentou.