O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), alterou uma das metas da sua gestão, trocando o objetivo de reduzir mortes no trânsito para uma taxa de 4,5 por 100 mil habitantes para um objetivo menos específico de realizar 18 medidas para redução de mortes em decorrência de acidentes dessa natureza. Nunes disse não ver a mudança como prejudicial à cidade. Em dezembro, o índice estava em 6,99.

A mudança de objetivo consta da revisão do Programa de Metas 2021-2024 da Prefeitura. “A forma de poder evitar o número de óbitos é adotar ações concretas. Ninguém está desistindo das metas. Estamos adequando para algo que possa ter um resultado melhor”, disse o prefeito.

Uma das novas medidas anunciadas pela gestão foi a expansão o projeto da Faixa Azul, de 23 quilômetros para mais de 200 quilômetros em importantes vias da cidade. A Faixa Azul é uma sinalização de segurança para as motocicletas que foi implementada como projeto-piloto nas Avenidas 23 de Maio e dos Bandeirantes. O objetivo da faixa é organizar o espaço compartilhado entre os automóveis e as motocicletas.

De acordo com o poder municipal, não foram registrados óbitos nos trechos com Faixa Azul nesses 15 meses. Hoje, um motociclista morre por dia em São Paulo.

Entre as outras medidas para redução das mortes no trânsito estão a ampliação e requalificação de 1,1 milhão de metros quadrados de calçadas e iluminação das faixas de pedestres e das faixas de ciclistas, além da contratação de mais 200 agentes de trânsito e investimentos no sistema semafórico.

No mesmo pacote, a Prefeitura anunciou a contratação de 896 profissionais para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), entre médicos, enfermeiros e psicólogos.

Mudanças

A redução de mortes no trânsito não foi a única meta alterada pela Prefeitura. Outros objetivos, principalmente nas grandes construções e obras de infraestrutura, deixaram de trazer objetivos determinados. O compromisso de entrega foi substituído pela sua viabilização. A Prefeitura não definiu, por exemplo, quando vai entregar novos Centros de Educação Unificada (CEUs) – até o momento nenhum foi entregue. Este é o mesmo cenário das 45 novas escolas.

A meta de “implementar corredores de ônibus BRT na Avenida Aricanduva e Radial Leste” foi substituída por “viabilizar a implementação de corredores” nessas avenidas. O mesmo acontece com os terminais de ônibus – a meta é entregar quatro. “Gostaria muito de poder iniciar essas obras. A licitação do BRT Radial Leste está paralisada e estamos aguardando para retomar. Sobre os CEUs, algumas decisões judiciais demoraram”, disse Nunes.

A gestão municipal incluiu mais nove metas no programa, passando de 77 para 86 objetivos. A Prefeitura fala em aumento de investimentos da ordem de R$ 6 bilhões nessas novas metas. “Não houve redução de metas. O Município não abriu mão de entregar as obras. Se elas não forem entregues em 2024, elas serão oferecidas à população no ano seguinte”, afirmou o secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias, Fernando Chucre.

Em alta

Algumas metas foram ampliadas depois que os objetivos iniciais foram alcançados. É o caso, por exemplo, dos 600 mil atendimentos ao trabalhador (foram realizados 1,2 milhão), da ampliação da iluminação pública com lâmpadas de LED em 300 mil pontos (agora a meta é de 330 mil).

Na área de saúde, a Prefeitura também pretende implementar 15 UPAs e dez novos equipamentos, além de três centros de serviços especializados para diversas condições de saúde, como atendimento de bebês de alto risco e crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A cobertura da Atenção Básica será ampliada com a implementação de 100 equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Na versão anterior, eram 40 e em dezembro de 2022 já havia 73.

Por outro lado, o Estadão mostrou na semana passada que a Prefeitura está atrasada no cumprimento da maioria das metas de mobilidade urbana, infraestrutura e zeladoria a serem cumpridas até 2024, algumas com menos de um terço do prometido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.