O Vaticano proclamou neste sábado, 20, o reconhecimento das “virtudes heroicas” do médico, seminarista e surfista carioca Guido Vidal França Schäffer. Essa é considerada uma etapa importante no processo de beatificação do brasileiro. Com a promulgação do Decreto do Dicastério das Causas dos Santos, Schäffer recebeu o título canônico de venerável – concedido aos que podem ser canonizados.

Para conceder o título de beato a uma pessoa, a Igreja Católica exige, entre outros requisitos, a comprovação de um milagre relacionado ao candidato. Essa condição só é dispensada em caso de martírio. O pedido para a canonização de Schäffer foi feito em maio de 2014 pela Arquidiocese do Rio.

Schäffer morava em Copacabana (zona sul do Rio) e era médico, seminarista e surfista. Havia cursado Medicina na Faculdade Técnica Educacional Souza Marques, de 1993 a 1998, e fez residência em clínica médica na Santa Casa, de 1999 a 2001. Cursou Filosofia (2002 a 2004) e Teologia (2006 e 2007) no Instituto de Filosofia e Teologia do Mosteiro de São Bento, no Rio.

Em 2008, ingressou no Seminário São José para concluir o curso de Teologia e cumprir o período mínimo de vida no seminário necessário para a ordenação sacerdotal. Nesse tempo todo, Schäffer organizou diversos grupos de oração e de ajuda para pacientes com aids. Mesmo quando dava aulas de surfe (ou simplesmente praticava), iniciava o treinamento com uma oração.

Em 1.º de maio de 2009, ano em que concluiria o seminário, foi à praia da Barra da Tijuca para surfar e comemorar com amigos o casamento de um deles, marcado para o dia seguinte. A prancha acabou atingindo a nuca de Schäffer, que morreu. Depois disso, ele começou a ter fama de milagreiro. Seu túmulo no Cemitério São João Batista, em Botafogo, é visitado por romeiros.

Mártir italiano

O decreto do Vaticano reconheceu também o martírio do sacerdote italiano Giuseppe Beotti durante a ocupação nazista. Ele abrigou e socorreu soldados em fuga, prisioneiros que haviam escapado de guerras, pessoas perseguidas, incluindo cerca de cem judeus que escondeu em casebres com a ajuda de seus paroquianos.

Diante do perigo de prisões e represálias nazistas, ele não fugiu, mas seguiu como um ponto de referência em sua igreja em Sidolo, na província de Parma, assíduo nas orações. Foi preso e fuzilado em 20 de julho de 1944 em Sidolo, juntamente com um padre e um seminarista que haviam se refugiado na igreja com ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.