16/08/2023 - 17:40
Por Ricardo Ferracin*
O mundo tem buscado de forma acelerada alternativas de energia renovável, especialmente por um combustível do futuro — ou seja, limpo, com zero ou reduzida emissão de carbono. O hidrogênio desponta com esse candidato e, não à toa, somente a Europa está apostando forte nessa fonte, com subsídios próximos de três bilhões de euros, apostando numa geração de 5,4 milhões de empregos até 2050. O Banco Mundial, o Inter-American Development Bank e a Morgan Doyle também estão na praça, de olho nessa área.
E o Brasil tem potencial, infraestrutura e conhecimento técnico para ser um fornecedor global da versão verde desse elemento. Além dos benefícios ambientais, é uma oportunidade histórica de transição energética, com capacidade para reforçar nossa já proeminente posição no mundo na geração de energia limpa.
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Hoje, 92% de nossa matriz energética é renovável — além das hidrelétricas, estamos muito avançados em fontes eólica e solar. Com a interligação do nosso sistema, podemos ter eletrolisadores conectados diretamente à rede de transmissão, 24 horas por dia, todos os dias. Atributos que não só qualificam o país para essa produção, como nos tornam mais competitivos — com o hidrogênio mais barato do mundo a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030.
Por aqui, segundo o Ministério de Minas e Energia, temos três projetos em escala industrial em curso, nos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e Açu (RJ). São iniciativas importantes, mas precisamos ir além, aproveitando nosso reconhecido potencial de sustentabilidade e a corrida global pela descarbonização da economia.
Devemos, assim, transformar o hidrogênio em uma política de estado, que vá além de projetos e hubs de inovação. Necessitamos de planejamento, de um plano nacional de desenvolvimento envolvendo não apenas a produção do hidrogênio verde, mas também
seu transporte e exportação.
O hidrogênio verde surge, assim, como uma força para impulsionar o desenvolvimento do país, com geração de postos de trabalho e inovação. O caminho está aberto para o Brasil despontar nesse setor — cabe-nos, agora, aproveitar essa chance, de forma estruturada, para avançarmos e não perdemos as oportunidades que se apresentam.
*Consultor em Hidrogênio da Nova Engevix e membro do grupo de trabalho de hidrogênio verde do Instituto de Energia Limpas (Inel)