01/05/2008 - 0:00
Seis anos atrás, o administrador de empresas e ex-executivo da montadora de carros off road Troller, Clécio Eloy, 40 anos, decidiu que já era hora de pensar no futuro e preparar uma aposentadoria financeiramente tranqüila. Mas, diferentemante da maioria de seus amigos, ele não optou por nenhuma previdência privada nem aplicou seu dinheiro em planos de renda fixa. Sua poupança para o futuro está em duas fazendas que ele comprou na Bahia, onde mantém 800 hectares plantados com árvores das espécies Teca e Guanandi, consideradas madeiras nobres, utilizadas, principalmente, pela indústria de movéis de luxo e na construção de embarcações, de onde pretende colher anos de sombra e água fresca.
PREVIDENTE: Pedro Cirilo, dono da Tropical Flora, oferece o plantio de árvores como opção de investimento alternativo à aposentadoria convencional
Eloy faz parte de um grupo de pessoas que tem descoberto no agronegócio uma oportunidade de garantir sua aposentadoria. “A extração de madeira nativa tende a ser cada vez mais combatida, por isso o plantio de floresta pode trazer grandes ganhos”, diz o agora produtor. O investimento é de longo prazo. O tempo médio para que essas árvores atinjam o ponto de corte comercial é de 30 anos. “A madeira vai garantir minha aposentadoria e um bom futuro para os meus filhos”, planeja. De fato, os ganhos são animadores. Hoje o valor pago pelo metro cúbico desse tipo de madeira varia entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Tendo em vista que um hectare produz até 300 metros cúbicos, o ganho pode chegar a R$ 750 mil por hectare.
E os lucros podem ser ainda maiores. Pelo menos é o que afirma Pedro Cirilo, proprietário da Tropical Flora, uma empresa de reflorestamento que se especializou em oferecer consultoria e elaborar projetos para quem quer iniciar sua produção de floresta. De acordo com o empresário, durante os últimos 40 anos, o preço da madeira vem crescendo a taxas de 11% e, se continuar nesse ritmo, quem planta hoje poderá fazer o corte da madeira a um preço de R$ 20 mil o metro cúbico. “É uma grande aposentadoria.” Diante dessas possibilidades, Cirilo afirma que histórias como a de Clécio são cada vez mais comuns. “Temos vários clientes que apostam no plantio de madeira como forma de garantir o futuro, já que as perspectivas de mercado são muito boas.”
VIVEIRO: mudas de árvores nobres são produzidas em larga escala
Embora seja atraente, a entrada nesse negócio requer planejamento, principalmente devidos aos investimentos iniciais que, de acordo com o empresário, giram em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil por hectare, entre implantação do projeto, compra de mudas, preparo do solo, mão de obra, etc. Mesmo com um custo inicial alto, ele é bastante reduzido nos anos seguintes. O gasto médio anual com manutenção, para diminuir riscos com incêndios e formigas, é estimado em R$ 1 mil por hectare.
Os aspectos positivos desse mercado também chamaram a atenção de um grupo de 20 amigos, que em 2003 criaram um clube para investir em reflorestamento. No início, os integrantes faziam aportes mensais que variavam entre R$ 1 mil a R$ 5 mil. Logo juntaram quantia suficiente para a compra de uma propriedade de 200 hectares no município de São Joaquim, em Santa Catarina, onde plantam eucaliptos e pínus. “Nossa expectativa de retorno é de 3,5% a 4,5% do valor investido”, conta Antonio Patronieri, administrador de formação, mas que já trabalhou com exportação de frutas e foi o idealizador do modelo do clube.
“A madeira vai garantir a minha aposentadoria e um bom futuro para os meus filhos”
CLÉCIO ELOY, ex-executivo da montadora Troller, que acredita na silvicultura
Para Clécio, a produção de madeira é encarada como uma verdadeira herança. “Gosto de ver as árvores crescendo e saber que elas estão lá porque eu as plantei. Esse é meu legado.” Pelo visto, o negócio é semear o presente, para garantir o futuro.
Clique para ampliar